sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Com uma bola no pé, solicitante de refúgio busca realizar seu sonho no Brasil

Como muitos rapazes da sua idade, o guineense Abdoulaye Kaba, de 16 anos, sonhava em ser um jogador de futebol. Mas ele não imaginava que realizaria esse sonho a mais de cinco mil quilômetros da sua terra natal. E logo no Brasil, o país que acabou de sediar a Copa do Mundo de 2014.
 Abdoulaye chegou ao Brasil sozinho, em 2012, quando tinha 14 anos de idade. Ele e sua família sofriam perseguições políticas após a prisão de seu pai. Como era o filho mais velho, as pressões sobre ele eram maiores e, por isso, um amigo da família resolveu ajudá-lo a deixar seu país. Seu pedido foi homologado em agosto pelo CONARE, e Abdoulaye passou a ser oficialmente refugiado no Brasil.
“Optei pelo Brasil porque aqui é o país do futebol. Em Guiné, eu já jogava bola e participava de campeonatos desde os sete anos de idade. Como fui forçado a deixar meu país, quis vir para um lugar que tivesse a ver com essa minha paixão pelo esporte”, explica Abdoulaye.
Depois de instalado no Rio de Janeiro, Abdoulaye voltou a estudar e a treinar futebol. Ele treina no projeto social Karanba (localizado em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio), que é coordenado pelo ex-jogador norueguês Tommy Nielsen.
“Sou fã do Seedorf, jogador que foi um grande ídolo do Botafogo. Espero um dia jogar como ele”, afirma o jovem refugiado, que chegou a realizar testes para entrar no time carioca. Botafoguense de coração, Abdoulaye sonha em defender a camisa do seu time um dia.
Abdoulaye já se considera adaptado à vida no Brasil, e até torceu pela seleção brasileira na Copa do Mundo. Como todo torcedor, ficou decepcionado com a performance da seleção, mas é só elogios com o Brasil. Em português quase perfeito, ele afirma que os brasileiros tratam muito bem os estrangeiros e que se sente acolhido aqui. Para ele, a maior dificuldade é a distância de sua família.
“A parte mais difícil de ser um refugiado é ficar longe dos meus pais e dos meus irmãos. Fora isso, a vida no Brasil é muito boa”, finaliza. 
 Beatriz Oliveira
 ACNUR


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