quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

OIM alerta para o aumento do número de vítimas do tráfico humano em Uganda


A Organização Internacional para Migrações, OIM, emitiu um comunicado alertando para o aumento do número de mulheres vítimas do tráfico humano em Uganda. O principal destino de envio é a Ásia.

As vítimas que conseguiram escapar às redes de traficantes e regressar a casa, com a ajuda da OIM, afirmaram terem sido alvo de escravatura sexual, violações e tortura.

Nos últimos quatro meses, de acordo com a agência da ONU, 13 vítimas foram resgatadas na Malásia e entregues à OIM para assistência. Fontes de Uganda, citadas pela agência, afirmam que podem existir 600 mulheres traficadas nesse país asiático, e que entre 10 e 20 chegam lá todas as semanas.

As vítimas, normalmente, são mulheres jovens. Os traficantes podem trabalhar individualmente ou como agências de emprego, que as aliciam com promessas de trabalhos lucrativos ou oportunidades de estudo no exterior. Acabam por encontrarem-se em países estranhos, com seus passaportes sequestrados pelos traficantes, sem dinheiro e sem orientação.

A Rádio Onu publicou o testemunho de uma jovem de 22 anos, resgatada pela OIM. Ela disse que lhe teria sido prometido um emprego num restaurante na Malásia. Ela aceitou. Foi levada para Bangkock, capital da Tailândia, onde ficou dois dias. Descreveu o local para onde foi levada como péssimo, onde havia outras 20 jovens de Uganda com idades entre os 17 e os 20 anos drogando-se pelos corredores.

Quando chegou à Malásia, a jovem teria sido recebida por uma mulher, também de Uganda, que a levou para tomar banho, comer e dormir. No dia seguinte, foi-lhe dito que não havia nenhum emprego em restaurante e que ela começaria a trabalhar como prostituta para pagar US$ 8 mil, à razão de US$ 200 por dia. Se o dinheiro não fosse pago diariamente, a vítima seria agredida.

O tráfico de seres humanos é um fenômeno verdadeiramente global e um crime que afeta quase todas as partes do mundo, seja como país de origem, trânsito ou destino. De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, UNODC, vítimas de pelo menos 127 países foram detectadas e estima-se que mais de 2 milhões e meio de pessoas são exploradas por criminosos a todo momento.

Mais de uma década depois da aprovação do Protocolo contra o Tráfico de Pessoas, a maioria dos países criminaliza a maior parte das formas de tráfico de seres humanos na sua legislação. No entanto, o uso destas leis para julgar e condenar os traficantes ainda é limitado. No relatório Global de 2009 sobre Tráfico de Pessoas, por exemplo, dois em cada cinco países presentes no relatório nunca havia registrado uma única condenação por crimes de tráfico de seres humanos.
(ONU/ED)


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