sábado, 18 de fevereiro de 2012

Brasil representa 20% das remessas internacionais na América Latina



O recebimento e envio de ordens de pagamento ao Brasil respondem por 20% do total na América Latina, montante considerado incipiente mediante o potencial do País em crescer economicamente e atrair imigrantes que colaborem para o aquecimento da economia. Essa e outras constatações sobre a situação brasileira no cenário internacional de remessas foram repercutidas no dia 15 de fevereiro (quarta-feira), no último dia do IMTC (International Money Transfer Conferences), em São Paulo.
Dentro da questão de recebimento de remessas, Geraldo Magela, gerente executivo de Normatização de Câmbio e Capitais Estrangeiros do Banco Central ressaltou o crescimento de operações envolvendo transferências em reais: enquanto o montante representava 1,4% em 2009; em 2011 passou a responder por, 4,4%. “O país que mais responde por ordens de pagamento nesse formato é o Japão”, acrescentou Magela. “A proporção de dólares recebidos em relação aos enviados também tem tido mudanças drásticas nos últimos anos: em 1995, chegavam 24,8 dólares no País a cada um dólar enviado; enquanto 2011 a proporção diminuiu 90%, chegando a 2,4 dólares recebidos a cada um enviado”, destacou Liberal Leandro Gomes, presidente da Abracam (Associação Brasileira de Corretoras de Câmbio). Segundo o especialista, isso vem ocorrido especialmente pela valorização do real, a atração e retenção de mão-de-obra internacional no País, além da massiva repatriação de brasileiros em decorrência da crise internacional.
Brasil e a América Latina - “Uma Europa com crise e grandes limitações na imigração, assim como os EUA, é sinônimo de atração e retenção de inúmeros latino-americanos no Brasil”, aponta Daniel Trías, consultor uruguaio com largo conhecimento do mercado brasileiro. “Isso é uma consequência natural para um país que faz parte dos BRICs e apresenta um crescimento estimado em 6%, 7% nos próximos anos. Hoje, é mais interessante ir à Europa e ter um real do que um euro ou um dólar.”
De acordo com Trías, o novo papel do Brasil implica saber não só no seu mercado interno, mas a remessa externa dos imigrantes que vem ao País. “Atualmente, no Brasil, as remessas internacionais respondem por 0,3% do PIB, sendo que as operações paralelas representam somente 0,14%.”. Segundo o consultor, esse montante é insignificante perto de países como Peru, Equador e Bolívia. “Mediante isso, no Brasil, o imigrante deve ser visto como um ativo estratégico, pois são pessoas que colaboram para o incremento tanto do PIB quanto o consumo e produção internos”.
Perante esse panorama, o especialista lançou o grande questionamento: como integrar US$ os 4 bi recebidos informalmente no Brasil ao mercado formal? “Não é uma questão simples, pois as atividades informais não desaparecem de um momento para outra. Essa situação deve ser vista não só sob o viés econômico, mas principalmente cultural”, alerta.
Embora o mercado de recebimento de remessas esteja em queda, o presidente ABM Trans (Associação Brasileira das Empresas Prestadoras de Serviços de Micro-Transferência de Dinheiro), Luiz Citro, acredita no crescimento exponencial para remessas ao exterior considerando os elementos repercutidos por Trías. “O mercado brasileiro pretende ultrapassar 1 milhão de transações por ano, o que é uma meta bem promissora”. No entanto, a informalidade continuará sendo o grande problema, principalmente representada pela evasão de impostos, contrabando, corrupção e venda de drogas e armas.
De acordo com Citro, há medidas que podem colaborar substancialmente para a evolução do cenário nacional, como trabalhar com reguladores de outros países, continuar modernizando a legislação e cogitar o pagamento de estabelecimentos comerciais para envios de remessas. “Essas ações, em conjunto com várias outras, possibilitarão o crescimento da formalidade”, conclui.

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