sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Brasileiros nos EUA revoltam-se com declaração polêmica de Luan Santana


O comentário dúbio, feito durante entrevista com a apresentadora Eliana no Brasil, gera polêmica nos Estados Unidos

As pessoas públicas devem tomar bastante cuidado com as palavras, pois um simples comentário infeliz ou dúbio pode comprometer de forma imprevisível suas carreiras. Ano passado, o recipiente do troféu “Besteirol” coube ao cantor sertanejo Bruno, da dupla Bruno & Marrone, que durante uma apresentação solo em San Francisco (CA), em 29 de setembro, em pleno palco, com sorriso escancarado, chamou as mulheres brasileiras que vivem nos EUA de “piranhas”.

“Besteirol” 1:

“Porque no Brasil, tem muitos rios para pescaria. Com peixes para pescar, peixes de rabão bonito, rabão grande. E lá tem muito pirarucu, tem pacu, tem piranha... lá tá tendo muita piranha! Tem tanta piranha que jacaré come assim “ó”. Interessante demais essa pesquisa. As únicas piranhas que saíram de lá vieram morar aqui nos Estados Unidos. Digo, é o contrário! As piranhas, que não eram piranhas, vieram morar aqui nos Estados Unidos, estou falando (risos)”, disse Bruno, durante o intervalo entre uma música e outra no show.

“Besteirol” 2:

Semana passada, outro cantor sertanejo, fenómeno de vendas no Brasil, Luan Santana, cometeu o mesmo deslize e tornou-se o próximo candidato ao troféu “Besteirol”. Durante entrevista ao programa da apresentadora Eliana, o jovem frisou ser ambicioso e não querer cantar somente para brasileiros no exterior, fazer shows pequenos para 800 pessoas, mas sim atingir e conquistar o público “gringo”. Ele cogitou cantar até em outro idioma latino ou em inglês.

“Ano passado, a gente fez o Brazilian Day in New York e foi muito legal. Temos vários contatos lá fora também, mas eu não gosto muito Eliana dessa ideia de fazer shows somente para os brasileiros. Se a gente for tentar carreira solo internacional, é melhor a gente cantar músicas em outras línguas, latino ou inglês mesmo. Acho que temos que tentar atingir todas as galeras, não só boates pequenas lá, como a galera costuma fazer para 800 pessoas. Eu sonho bem alto, quero cantar em outras línguas e conquistar os gringos”, disse Luan.

Até o fechamento dessa edição, o comentário dúbio gerou uma avalanche de 9.491 mensagens no site Youtube:

“Nem português ele fala direito e quer cantar em outra língua?! Músicas sem sentido, não tem história nenhuma de carreira; é mais um dos que aparecem e vão sumir como mágica. Além de tudo, a música dele só muda a letra, o resto é o mesmo. Mas eu acho isso bom, pois assim a gente conhece realmente a cabeça de um coitado desses”, escreveu o internauta: 1ELITE100.

“Por favor, Luan Santana... Adquira talento primeiro... estude música... e tenha a humildade de entender que cantores (que se dizem cantores) como você são extremamente passageiros... E nossos ouvidos só têm a agradecer... E lembre-se, finalmente, que o fim da tua carreira (que não demorará muito a chegar devido à qualidade ou a falta dela nas suas músicas) será em possíveis boates de terceira, cantando para menos de 100 pessoas... Boa sorte para você e para os nossos ouvidos”, publicou o internauta: vampyrusbr.

“Sonhar é uma coisa... Mas quando você diminui uma comunidade feita de pessoas honestas e trabalhadoras que saíram do seu país em busca dos seus próprios sonhos e admira quando artistas vêm do Brasil para cá; trazer um pouco da nossa cultura para que tenhamos momentos de diversão... Ele foi muito infeliz ao discriminar o seu próprio público! Verdadeiro idiota ao não valorizar pessoas que admiram o trabalho dele e outras que nem admiram, mas que iriam prestigiar seu show. Vacilão!” Publicou o internauta: maxwill8009.

Reação da comunidade nos EUA:

Na comunidade brasileira de New Jersey, o comentário também refletiu de forma negativa e inúmeros imigrantes questionaram: Como um artista que depende de um determinado público para se apresentar no exterior, desdenha esse mesmo público?

Inúmeros imigrantes enfrentam diariamente obstáculos para manter financeiramente suas famílias, no Brasil e exterior, convivem com o fantasma do preconceito e o risco constante da deportação, portanto, será que merecem também o desprezo daqueles que pagam para diverti-los?! Até que ponto cabe aos artistas, de visita, criticarem a coragem de alguém em deixar sua terra natal em busca de dias melhores no exterior?! O que motiva esse desdém: Desconhecimento histórico, patriotismo exacerbado ou puro recalque?!

A equipe de reportagem do BV conversou, via telefone, com o ex-imigrante Sandro Rodrigues, que viveu em Newark (NJ) e atualmente reside em Belo Horizonte (MG).

“Fui uma das primeiras pessoas a ver esse vídeo online e fiquei indignado. Já morei em Newark (NJ) e, portanto, acho um absurdo uma pessoa que depende do público, de ingressos, falar isso. Se ele for à Newark cantar, acho que devemos ir e demonstrar a nossa indignação com educação, não com agressão, mas devemos deixar isso bem claro”, comentou Rodrigues.

“Acho muita pretensão desprezar as pessoas que compram os ingressos para assistir aos shows. Realmente, foi um comentário infeliz”, acrescentou Sandro.

A equipe de reportagem do BV também entrevistou, via telefone, o imigrante Alexsandro de Souza, residente em Hillside (NJ).

“Particularmente, foi de um tremendo mal gosto e falta de respeito com os brasileiros nos Estados Unidos. Quantos artistas no Brasil querem se apresentar no exterior e não podem, portanto, ele deveria demonstrar no mínimo respeito. Nós deveríamos boicotar esse show, levar cartazes de protesto, pois os fãs dele não merecem isso. Já aconteceu uma vez com o Bruno (Dupla Bruno & Marrone) e tudo ficou na mesma”, disse Souza.

“Antes de atingir o público norte-americano, ele terá que acumular 50 anos de estrada como o Roberto Carlos, que lota qualquer casa de shows com 10 meses de antecedência ou a Ivete Sangalo que lotou, sozinha, o Madison Square Garden (NYC). Eu já não curtia o show dele e, como brasileiro, acho que deveríamos boicotar. Outra coisa, se ele quer fazer show para gringo, terá que se assessorar melhor primeiro”, acrescentou Alexsandro.

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