sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Refugiado desconhece acesso ao SUS, aponta Ministério da Justiça

 

Principais nacionalidades do estudo são venezuelana, haitiana e colombiana

REUTERS/PILAR OLIVARES/12.04.2018

Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou nesta quinta-feira (26) a publicação “Assistência em Saúde Mental e Atenção Psicossocial à População Migrante e Refugiada no Brasil: a rede de apoio da sociedade civil”.

O documento destaca o desconhecimento sobre a gratuidade do SUS (Sistema Único de Saúde) por parte expressiva de refugiados e imigrantes, e as formas de acessá-lo, já que difere do sistema em seu país de origem ou de residência habitual. O direito à saúde pública no Brasil é universal, se aplicando, portanto, às pessoas de outros países, independentemente de sua condição migratória.

"Por isso, é fundamental ampliar a difusão dessas informações para que o público refugiado e migrante tenha conhecimento desses direitos, assim como aos próprios brasileiros, no intuito de reduzir as dificuldades para acesso efetivo aos serviços", afirma o ministério em nota.

As principais nacionalidades atendidas pelas organizações que participaram do levantamento são: venezuelana, haitiana, colombiana, cubana, angolana, senegalesa e peruana.

Por meio da Coordenação-Geral do Comitê Nacional para os Refugiados, o mapeamento é realizado em parceria com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), com o objetivo de fornecer subsídios para o desenvolvimento de ações, capacitações e políticas para aprimorar o acolhimento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial.

O estudo foi construído a partir de uma pesquisa realizada em 21 estados (exceto, Amapá, Pará, Goiás, Mato Grosso, Sergipe e Tocantins), com 53 instituições que, dentre outros serviços, prestam atendimento em saúde mental, nas cinco regiões do Brasil, possibilitando o acesso a diferentes realidades vivenciadas pelos migrantes e pelos refugiados em território nacional.

“A partir desse mapeamento, passamos a compreender melhor as necessidades das organizações que cuidam da saúde mental dessa população no país. Dessa forma, é possível pensar em políticas públicas mais efetivas, que possam contribuir com o bem-estar e a integração dessas pessoas na sociedade brasileira”, afirma o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres.

A maioria das organizações, 46 delas, atua com crianças, e 36 delas com pessoas com algum tipo de deficiência. Os encaminhamentos para outros serviços se dão em grande parte para o SUS (Sistema Único de Saúde).

A articulação com a rede pública é feita pelas organizações por meio de reuniões, seminários, promoção de formações sobre migração, acompanhamento de casos, dentre outras ações.  Nos encaminhamentos, destacaram-se também as clínicas-escolas ou clínicas populares de universidades públicas e privadas.

O mapeamento já começou a ser utilizado para aprimorar as ações voltadas ao tema. É o caso do Curso Saúde Mental e Atenção Psicossocial na imigração e no refúgio, que iniciou em julho e vai até setembro deste ano. A capacitação, voltada para profissionais de saúde que atuam em organizações da sociedade civil, visa fortalecer e qualificar o atendimento psicossocial de migrantes e refugiados que vivem no Brasil.

A iniciativa é uma parceria entre o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a Organização Internacional para as Migrações, e o Núcleo de Pesquisa Contato entre Culturas, Imigração, Saúde Mental e Interculturalidade da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

A publicação faz parte da Iniciativa de Reassentamento Sustentável e Vias Complementares, com financiamento dos governos de Portugal e dos Estados Unidos da América. Clique aqui para ver o relatório completo.

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