"Precisamos do contributo da imigração mais jovem"
© Paulo Spranger/Global Imagens
Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) considera que
não se pode olhar para os migrantes só como força de trabalho ou para tapar o
buraco da demografia, ao abordar os resultados preliminares dos Censos 2021.
"[Os Censos 2021] vieram confirmar aquilo que já se
dizia há muito tempo, que a nossa população portuguesa está a envelhecer, que
precisamos do contributo da imigração mais jovem. Agora, não podemos olhar para
os migrantes só como esta força de trabalho, só para tapar o buraco da
demografia", afirmou à agência Lusa a diretora da OCPM, Eugénia Quaresma.
Esta responsável falava a propósito da peregrinação do
migrante e do refugiado ao Santuário de Fátima, integrada na peregrinação
internacional aniversária de 12 e 13 de agosto, que hoje começa.
A diretora da OCPM salientou que a diminuição da população
não é apenas em Portugal, apesar de o país ter "números muito
grandes", mas "acontece um bocadinho por toda a Europa".
Destacando que são precisos imigrantes, Eugénia Quaresma disse
que esta situação leva a pensar nas políticas a nível global e de como se deve
estar alinhado, "para que haja, de facto, esta liberdade de circulação
regulada".
"Reconhecemos o direito que os Estados têm de regular a
migração. Mas temos de prever esta mobilidade, que faz parte, e olhar, também,
para os migrantes como sujeitos de desenvolvimento e não só como pessoas que
vêm trabalhar, mas que querem melhorar a sua vida e que podem contribuir para o
desenvolvimento dos países de origem", declarou.
A diretora da OCPM, organismo da Conferência Episcopal
Portuguesa, referia-se àqueles que "vêm para Portugal que podem ser
agentes de desenvolvimento para os seus países de origem", mas,
igualmente, à diáspora portuguesa, que "pode ser um agente de desenvolvimento
para Portugal, nomeadamente nas zonas" onde há maior despovoamento.
Eugénia Quaresma acrescentou que em maio organizações
católicas para a imigração e asilo pediram audiências a deputados e ao
primeiro-ministro para refletir sobre a habitação, "quando veio a
lume" a questão de Odemira.
"Sabemos que é um problema transversal na sociedade
portuguesa e gostaríamos muito de contribuir para melhorar, para encontrar uma
solução. E, portanto, se calhar um primeiro passo era que fossemos
ouvidos", notou.
No final de abril, o Governo decretou uma cerca sanitária
devido à pandemia de Covid-19 em duas freguesias de Odemira, que durou até 11
de maio, medida justificada com a "situação de particular gravidade"
que o concelho alentejano registava, sobretudo entre trabalhadores temporários
do setor agrícola.
Os casos detetados na pandemia entre os imigrantes que
trabalham na agricultura denunciaram as condições desumanas em que muitos deles
vivem, tendo envolvido realojamentos.
Segundo os resultados preliminares dos Censos 2021,
divulgados em 28 de julho pelo Instituto Nacional de Estatística, Portugal tem
10.347.892 residentes, menos 214.286 do que em 2011. Trata-se de uma quebra de
2% relativamente a 2011.
A peregrinação do migrante e do refugiado faz parte da 49.ª
Semana Nacional de Migrações, que começou no domingo e termina no dia 15. Tem
como tema "Rumo a um nós cada vez maior."
A peregrinação internacional aniversária de agosto é
presidida pelo arcebispo do Luxemburgo, cardeal Jean-Claude Hollerich, país
onde 15% da população é portuguesa.
www.miguelimigrante.blogspot.com
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