Cerca de 1,6 milhão de pessoas se encontram no país por
razões humanitárias. Falha de registros provoca discussão sobre cerca de 30 mil
requerentes de refúgio cujo paradeiro seria desconhecido das autoridades do
país.Cerca de 1,6 milhão de pessoas em busca de refúgio viviam na Alemanha no
final de 2016, segundo números divulgados nesta quinta-feira (02/11) pelo
Departamento Federal de Estatísticas. Isso significa que quase um sexto dos
estrangeiros que vivem na Alemanha está no país por razões humanitárias.
Em dois anos, o número aumentou em 851 mil, ou 113%. A
cifra inclui tanto imigrantes a quem já foi concedido refúgio, quanto aqueles
que pretendem requerer refúgio ou os que tiveram pedido de refúgio rejeitado,
mas ainda não deixaram o país. O Departamento Federal de Estatísticas,
entretanto, reconheceu não saber quantas dessas pessoas constam mais de uma vez
nos registros
Cerca da metade dos
requerentes ou dos que já obtiveram refúgio vem de três países: Síria, Afeganistão
e Iraque. A maioria das pessoas com pedidos de rejeitados vem da Sérvia e da
Albânia. Quase dois terços do 1,6 milhão de pessoas em busca de proteção são
homens, e a idade média é de 29,4 anos.
Como resultado da crise
dos refugiados, o número dos recursos judiciais apresentados contra pedidos de
refúgio negados é quase cinco vezes maior que há um ano, segundo informação do
governo alemão. Tribunais do país registraram cerca de 322 mil recursos do tipo
de janeiro a junho deste ano. No mesmo período do ano anterior, eles eram cerca
de 69 mil.
O Departamento Federal
de Estatísticas admite que cerca de 392 mil estrangeiros não puderam ser
levados em consideração nas estatísticas, porque não foi possível verificar se
vieram por razões humanitárias.
As autoridades alemãs
admitem haver deficiências estruturais na coleta de dados realizada pelo
Registro Central de Estrangeiros da Alemanha. Entre as falhas, está, por
exemplo, a manutenção de nomes de pessoas que já deixaram o país. Atualmente, o
registro passa por uma reformulação.
Números controversos
Uma dessas supostas
falhas possivelmente deu origem a uma reportagem veiculada pelo tabloide Bild
nesta quinta-feira. A publicação afirma que o governo alemão não teria
conhecimento do paradeiro de 30 mil imigrantes que tiveram seus pedidos de
refúgio recusados.
O governo alemão
desmentiu a notícia, afirmando que o periódico fez uma interpretação distorcida
das estatísticas. Segundo o Ministério do Interior alemão, a diferença entre o
número de pessoas intimadas a deixar a Alemanha contido no Registro Central de
Estrangeiros (AZR) e a cifra de requerentes de refúgio que ainda recebem ajuda
social do governo não permite tirar tal conclusão.
O Bild estimou que no
final de 2016, mais de 54 mil estrangeiros estavam registrados como intimados a
deixar a Alemanha, mas que, segundo estatísticas oficiais, apenas 23.600 deles
continuavam recebendo os benefícios sociais a que requerentes de refúgio têm
direito. A publicação supôs, com disso, que as autoridades alemãs não saberiam
do paradeiro dos cerca de 30 mil restantes, que seriam requerentes de refúgio
que não estariam mais recebendo os benefícios.
Entretanto, o Ministério
do Interior declarou que somente metade dos nomes registrados no AZR como
intimados a deixar o país são de pessoas cujo pedido de refúgio foi rejeitado.
O segundo maior grupo é constituído daqueles cujo visto ou outras autorizações
de residência expiraram e que, por isso, foram intimadas a deixar o país. Nem
todas as pessoas neste grupo e nem todos requerentes de refúgio rejeitados têm
direito a benefícios sociais, segundo o governo alemão.
DW
MD/epd/dpa
www.miguelimigrante.blogspot.com
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