terça-feira, 9 de maio de 2017

A crise de refugiados pelas lentes de fotojornalistas

“Odisseias Humanas” narra o drama de milhares de refugiados e migrantes capturado pelas lentes dos fotógrafos da AFP, a agência de notícias mais antiga do mundo.
 A imagem exibe milhares de coletes salva-vidas jogados no chão, empilhados uns sobre os outros. Estão dispersos na beira da praia, confundindo-se com a areia suja, a vegetação e os restos de barcos de madeira. As jaquetas laranjas cobrem quase toda a costa, e, sem querer, revelam a situação de fragilidade de adultos e crianças que tiveram que arriscar suas vidas para chegar a um destino mais seguro.
“Odisseias Humanas” narra o drama de milhares de refugiados e migrantes capturado pelas lentes dos fotógrafos da AFP, a agência de notícias mais antiga do mundo. “Acho que ver as fotos em uma exposição te aproxima mais das pessoas, é quase possível senti-las e ver o sofrimento em seus rostos. Há uma relação intima entre o sofrimento e a beleza dos outros”, conta Ana Fernandez, diretora da AFP no Chile, Peru e Bolívia.
As imagens capturadas por Aris Messinis e outros 23 fotojornalistas, como o peruano Martín Bernetti, o búlgaro Dimitar Dilkoff e o sloveno Jure Makovec, foram exibidas no Edifício de la Fundación Telefónica, em Santiago.
“Como fotojornalista, meu trabalho consiste em cobrir grandes histórias por trás das guerras e dos conflitos. Tento mostrar a realidade de cada lugar, da forma mais objetiva possível, para que as pessoas ao redor do mundo possam ter uma ideia do que acontece em volta delas”, relata Messinis, que trabalha na Agência desde 2003. Parte de sua experiência se forjou depois de cobrir o conflito na Líbia em 2001, a chegada de refugiados na Ilha de Lesbos e a crise humanitária na Síria e no Iraque. 


“Odisseias Humanas” apoiado pelo ACNUR, narra a viagem de milhões de migrantes e refugiados através de fotografias da Agence France-Presse (AFP). © AFP PHOTO
Messinis, que trabalha como chefe de fotografia da AFP em Atenas, viu no local a situação de milhares de refugiados e deslocados que fugiram de seus países em busca de proteção. A fotografia dos jalecos salva-vidas é só uma das dezenas de imagens que o fotojornalista registrou para destacar a realidade dessas pessoas de forma crua.
“As condições de vida desses refugiados e migrantes são na maioria das vezes muito ruins. O número de pessoas que precisa de ajuda é enorme e isso dificulta o trabalho das organizações que trabalham no terreno para prestar assistência a eles. Geralmente, os governos não estão interessados em cuidar deste tipo de população e, infelizmente, a grande maioria dos residentes dos países acolhedores não os recebem de forma amigável”, conta sobre sua experiência em campo. “Acho que não estamos aprendendo com a nossa história, nem tudo se trata do nosso próprio bem-estar ”.
Diante disso, uma das principais mensagens que Messinis tentou transmitir é de que ninguém está salvo de conflitos ou de perseguição: “Sempre temos que ter em mente que no futuro podemos ser nós que precisaremos de ajuda. Nosso mundo está mudando tão rapidamente, não sabemos como podemos ser afetados por essas mudanças”, explica o repórter, cuja avó também foi refugiada.
Paralelamente o público teve a oportunidade de participar do curso “Odisseias Humanas na alvorada do século XXI”: “Em uma das sessões, o ACNUR expôs aos assistentes a situação de 16,5 milhões de refugiados no mundo e a necessidade de realizar um esforço colaborativo entre os estados, a sociedade civil e a comunidade internacional, de modo que se garanta a proteção dos refugiados   em uma das crises humanitárias mais graves deste século”, explicou, depois de narrar a conferência, a Chefe Nacional do ACNUR no Chile, Delfina Lawson.
Acnur
www.miguelimigrante.blogspot.com

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