Encontro pedirá
garantia de direitos já conquistados, pelo direito à vida e a liberdade, por um
país mais justo e democrático e pela defesa de um novo modelo de
desenvolvimento baseado na valorização dos saberes da cultura afro-brasileira.
Marcha contará com a participação da diretora executiva da ONU Mulheres.
A Marcha das
Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver será realizada
em Brasília, nesta quarta-feira (18), com concentração a partir das 9h no
Ginásio Nilson Nelson. Reunirá cerca de 20 mil mulheres de todos os estados e
regiões do Brasil para marchar pela garantia de direitos já conquistados, pelo
direito à vida e a liberdade, por um país mais justo e democrático e pela
defesa de um novo modelo de desenvolvimento baseado na valorização dos saberes
da cultura afro-brasileira.
Além disso, o
encontro tem o intuito de reafirmar a contribuição econômica, política,
cultural e social das mulheres negras que construíram e constroem diariamente o
Brasil. A marcha acontece no âmbito daDécada Internacional dos Afrodescendentes 2015-2024 das Nações Unidas e
do mês da Consciência Negra. Para o mesmo dia, está previsto uma sessão
conjunta do Senado e Câmara Federal e uma audiência com a presidenta da
República, Dilma Rousseff.
A diretora executiva
da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, ex- vice presidenta da África do Sul
também confirmou presença. São esperadas, ainda, as ativistas norte-americana
Ângela Davis e Bell Hooks, entre outras referências internacionais na luta pela
igualdade racial e de gênero.
A Marcha é uma iniciativa de diversas organizações e coletivos do Movimento de Mulheres Negras e do Movimento Negro, além de contar com o apoio de importantes intelectuais, artistas, ativistas, gestores e gestoras, comunicadores e comunicadoras e referências das mais diversas áreas no Brasil, América Latina e África.
Estarão presentes
trabalhadoras rurais, catadoras de material reciclável, pescadoras,
marisqueiras, quilombolas, estudantes, mestres e mestras da cultura
tradicional, empreendedoras, yalorixás, entre outras mulheres negras dos
diversos setores da sociedade.
A proposta da
Marcha surgiu durante o Encontro Paralelo da Sociedade Civil para o Afro XXI,
realizado em 2011, em Salvador. A partir de então, mulheres negras e do
movimento social de mulheres negras atenderam ao chamado e deram início as
mobilizações para a Marcha. De 2011 até agora, foram realizadas diversas ações
entre debates, oficinas, passeatas, eventos formativos, articulações em âmbito
local, regional, nacional e internacional.
A agenda de debate
proposta pelos movimentos sociais, especialmente, os de mulheres negras tem
buscado refletir e incidir sobre o lugar da mulher negra na sociedade e os
desafios da luta contra o racismo, a pobreza e a sub-representação nos espaços
de poder e decisão. Temas relacionados ao mercado de trabalho formal e
informal, produtivo, reprodutivo, enfrentamento à violência racial, física,
psicológica, patrimonial e moral, à violência doméstica e sexual, genocídio da
população tem sido discutidos e necessitam de respostas urgentemente, razão
pela qual a Marcha será um espaço de formação e incidência política de grande
importância para a conquista e a garantia de direitos das mulheres negras em
todo o território nacional.
Por que marchar?
De acordo com o
IBGE (2012), as mulheres negras representam 25% do total da população
brasileira, o que corresponde a cerca de 49 milhões de pessoas. Apesar dos
avanços das últimas décadas, como a criação da Secretaria de Políticas para as
Mulheres e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, as
mulheres negras ainda amargam os piores índices no que se refere o acesso às
políticas públicas de uma forma em geral.
Com a criação
destes importantes órgãos no primeiro mandato do então presidente Lula, foi
possível avançar no que tange o enfrentamento das barreiras para a igualdade de
direitos. No entanto, as marcas das desigualdades e da segregação étnico-racial
ainda sustentam modelos econômicos de caráter racista em todo o mundo, baseados
apenas em seus interesses em manter a exploração e a opressão de determinados
grupos sociais.
Quando mulheres
vencem a barreira do desemprego, passam a vivenciar a divisão sexual do
trabalho, a violência doméstica, o assédio sexual. As mulheres negras são ainda
mais discriminadas, já que historicamente tem convivido com o desrespeito
histórico ao seu corpo que ainda é violado e marginalizado, alimentando cada
vez mais os índices de agressões, estupros e assassinatos. De acordo com o
Instituto de Pesquisa Aplicadas – IPEA, 62% das vítimas do feminicídio são
mulheres negras, grande parte vive em condições de subemprego, mesmo com
formação escolar e capacitação e, ainda, respondem por grande parte da chefia
das famílias.
Segundo o DIEESE,
no trabalho formal, protagonizam uma amarga diferença salarial de cerca de 19%
com a mulher não negra e de 46% se comparado com homens não negros. E, apesar
dos avanços na legislação trabalhista, as mulheres que atuam no trabalho
doméstico, cerca de 8 milhões de mulheres, não contam com as mesmas condições e
oportunidades que os demais trabalhadores urbanos.
No que diz respeito
à violência, dados do IPEA, entre 2009 e 2011, estimam que mulheres negras,
jovens e pobres são as maiores vítimas da violência doméstica. No Brasil, 61%
dos óbitos são de mulheres negras, as principais vítimas em todas as regiões do
país, à exceção da Sul. Merece destaque a elevada proporção de óbitos de
mulheres negras nas regiões Nordeste (87%), Norte (83%) e Centro-Oeste (68%).
Dados de 2012 apontam, ainda, que 63% das mulheres em situação de prisão são de
mulheres negras.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 60% da mortalidade materna ocorre entre mulheres negras. No que diz respeito ao atendimento pelo SUS, 56% das gestantes negras e 55% das pardas afirmam ter realizado menos consultas pré-natal do que mulheres brancas. No que tange a amamentação, as orientações só chegaram a 62% das negras, enquanto 78% das brancas tiveram acesso.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 60% da mortalidade materna ocorre entre mulheres negras. No que diz respeito ao atendimento pelo SUS, 56% das gestantes negras e 55% das pardas afirmam ter realizado menos consultas pré-natal do que mulheres brancas. No que tange a amamentação, as orientações só chegaram a 62% das negras, enquanto 78% das brancas tiveram acesso.
Ressalta-se que no
escopo das Metas de Desenvolvimento do Milênio, que propunha erradicar a
mortalidade materna, o Brasil não conseguiu alcançar as metas, e o fator
predominante para os altos índices se deu, sobretudo, por conta dos dados
negativos da mortalidade materna das mulheres negras.
Além da Marcha, este prevista a realização de uma Feira de Empreendedoras Negras, debates, conferências, mostra cultural e shows no Complexo Cultural do Museu Nacional da República, no período de 13 a 17 de novembro.
Além da Marcha, este prevista a realização de uma Feira de Empreendedoras Negras, debates, conferências, mostra cultural e shows no Complexo Cultural do Museu Nacional da República, no período de 13 a 17 de novembro.
SERVIÇO:
Marcha das Mulheres Negras 2015
Data: 18 de novembro de 2015
Concentração: A concentração será a partir das 9h, nas imediações do Ginásio Nilson Nelson. O percurso previsto se dará até o Congresso Nacional e encerramento no Complexo Cultural do Museu da República, em Brasília.
Leia o Manifesto completo no endereço www.marchadasmulheresnegras.com
Informações: Ionara Silva ( 55) 61 9657-7741 / Naiara Leite (55) 71 9198-7892 E-mail: comunicacaomarcha@gmail.com
ONU Mulheres
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