Os refugiados e solicitantes de
refúgio que vivem na cidade do Rio de Janeiro ganharam mais uma ferramenta para
acessar plenamente os serviços do sistema de saúde pública municipal. Em evento
realizado na Cáritas Arquidiocesana do
Rio de Janeiro, organização parceira do Alto Comissariado da ONU para
Refugiados (ACNUR), foram lançadas as versões em inglês e francês da Caderneta
de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS).
As cadernetas foram traduzidas pelo
ACNUR e trazem informações sobre a unidade básica de saúde de referência para o
usuário, de acordo com seu local de residência. Além disso, a publicação
possibilita um controle dos agendamentos e consultas realizadas e inclui uma
seção sobre os direitos do cidadão, esclarecendo que todos os refugiados e
solicitantes de refúgio podem acessar o Sistema Único de Saúde (SUS) de forma
integral, universal e gratuita.
Para celebrar esse lançamento, a
Cáritas RJ e a SMS realizaram uma Feira de Saúde para refugiados e solicitantes
de refúgio em que foram oferecidas orientação sobre a rede de referência para
atendimento de saúde, vacinação e orientações sobre saúde bucal e saúde
reprodutiva. Cerca de 70 pessoas foram atendidas pelas equipes da secretaria ao
longo do dia e todos os participantes receberam o cartão do SUS.
"A atenção primária à saúde no
Brasil é organizada de acordo com o território. Nós fizemos a tradução da
caderneta do usuário para que as pessoas que precisam de atendimento possam
saber qual é a unidade de atenção primária mais próxima de suas casas.
Apresentamos também o ‘Onde Ser Atendido’, uma ferramenta on-line em que você
coloca o seu endereço e é informado sobre a sua unidade de referência, seu
médico, seu enfermeiro e seu agente comunitário", explicou Fabiane
Minozzo, assessora técnica da Superintendência de Atenção Primária da SMS.
"Sabemos que a questão da tradução é
importante porque a linguagem é a primeira barreira que os refugiados enfrentam
para compreender como funciona a estrutura de saúde. Muitos deles não entendem
que o SUS é universal", complementou Débora Teixeira, também assessora
técnica da Superintendência da SMS.
Refugiada da República Democrática do
Congo, Nenete foi uma das beneficiadas pela versão em francês da caderneta e
pelo atendimento oferecido na Feira de Saúde. "Esta caderneta de saúde nos
orienta sobre qual o posto de saúde mais próximo da nossa casa. Como moro em
Cascadura, me indicaram este endereço aqui", contou a congolesa, apontando
para a informação fornecida na capa do documento. "Com esta caderneta,
eles vão fazer o acompanhamento da minha saúde. Quando chegar em casa, vou ler
para ver o que diz e depois vou guardar com carinho."
No entanto, como nem todos os
refugiados e solicitantes de refúgio atendidos pela Cáritas RJ vivem na cidade
do Rio de Janeiro, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro também foi
convidada a participar do evento desta quinta-feira, a fim de fornecer as
orientações necessárias aos moradores dos demais municípios.
"Nosso papel aqui hoje é dizer
para eles que há unidades de saúde fora do Rio, como na Baixada Fluminense, onde
muitos deles moram", disse Bianca Moraes, apoiadora institucional da
Atenção Básica do Estado. "Estamos colhendo o endereço dessas pessoas para
entrar em contato com as coordenações municipais, avisar sobre a existência
desse público e alertar que é preciso chegar até ele".
É o caso da congolesa Hélène, que
vive em Gramacho, na Baixada Fluminense. "Eles me orientaram sobre qual
era o posto de saúde mais próximo da minha casa e pegaram meu endereço para que
uma pessoa vá até lá e me leve ao posto para fazer exames gratuitos. Isso é
muito bom", comentou a refugiada de 57 anos.
"O balanço foi muito positivo,
com relatos de atendimentos muito esclarecedores", concluiu Débora Alves,
assistente social da Cáritas RJ. "Um desdobramento muito interessante
dessa iniciativa será a sensibilização nas unidades de saúde, que diminuirá
outra barreira de acesso: o desconhecimento", concluiu.
Por Diogo Félix, do Rio de Janeiro.
Por: ACNUR
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