sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Resultados das eleições americanas preocupa brasileiros

A corrida eleitoral americana para os cargos de deputados e senadores federais chegou ao fim. Com a maioria republicana no poder, alguns imigrantes acreditam que ficará mais difícil aprovar uma reforma imigratória. Outros botam fé na negociação entre republicanos e democratas.

O partido republicano ocupa agora 239 assentos na Câmara dos Representantes, contra 186 cadeiras do partido democrata. No Senado Americano, em compensação, os democratas estão na frente, ocupando 52 lugares contra 46 dos republicanos. Mesmo com a maioria no senado, Barack Obama tem uma dura tarefa pela frente.
A vitória dos republicanos foi ao encontro das projeções das emissoras CNN e MSNBC.

Estando aptos ou não para votar nos Estados Unidos, imigrantes brasileiros falaram o que pensam sobre o país ter uma maioria republicana. Na opinião de Ricardo Braxtor, diretor executivo do Civic Center de Mount Vernon (NY), os republicanos querem a reforma imigratória, mas com uma intenção. “Para que isso seja uma coisa boa para a imagem deles”, afirmou.

Ele confidenciou que teme o Tea Party – ala super-conservadora dos republicanos. “Estávamos chateados porque os democratas não fizeram nada, e agora estamos com medo de que os republicanos façam pior. Acho que é exatamente o sentimento que estou hoje”.

Para Heloisa Galvão, presidente do Grupo Mulher Brasileira (GMB), o estado de Massachusetts saiu ganhando. “Todos os candidatos que disseram que trabalhariam contra a imigração ilegal, foram derrotados”, disse, comemorando também a reeleição do democrata Deval Patrick para governador. Por outro lado, Heloisa acredita que tudo ficará mais difícil com o domínio dos republicanos em nível nacional.

Segundo o site www.hispanicallyspeakingnews.com, fontes indicam que a reforma imigratória está em perigo, depois do resultado das eleições. O portal diz ainda que o provável foco dos republicanos, em relação à imigração, será as fronteiras, a aplicação da lei e o aumento da segurança na expedição de vistos.

Retrocesso e temor
Francisco Sampa, de Newark (NJ), acha que ter mais republicanos no poder significa um retrocesso em relação a uma reforma imigratória. “Mas eu acho que vai se chegar a um consenso neste problema imigratório, é um problema que está em todo o país, em todas as camadas da sociedade”, disse ele, que acredita na negociação dos dois partidos. “O problema está batendo a porta deles”.

O diretor executivo do Numbers USA, Roy Beck, postou no site do grupo anti-imigrante que não vê um Congresso, desde 1924, tão interessado em reduzir os números de imigrantes legais e ilegais, como este recentemente eleito.

O comerciante Edmundo da Silva de Danbury (CT), considera o resultado geral das eleições ruim para os imigrantes, por causa da maioria republicana. “A comunidade imigrante também não está, de certa forma, 100% satisfeita com a atuação dos democratas”, disse ele, referindo-se ao governo Obama. Quanto a uma eventual negociação entre os dois partidos, Edmundo não está otimista. “É um ou outro republicano que simpatiza com a causa imigrante”.

Na coluna de 3 de novembro do The Washington Post, Edward Schumacher-Matos diz que os democratas foram salvos da derrota graças aos latinos.

Na opinião de Evandro Constâncio, o resultado das eleições causa um certo medo. “Mas temos que lembrar que o presidente Clinton teve exatamente o mesmo tipo de derrota quando tinha o mesmo tempo de mandato do presidente Obama. Ele deu a volta por cima”, disse ele, que acredita no compromisso do atual governante do país. “Entendo que vai ser mais difícil, mas mantenho a esperança. Acredito que vá acontecer”.

Andres Oppenheimer, colunista do Miami Herald, expôs abertamente sua opinião, três dias antes das eleições. Segundo ele, mesmo com a vitória dos republicanos na Câmara de Representantes, haveria pessoas o suficiente no Senado (leia-se democratas e republicanos moderados) para parar algumas das piores propostas anti-imigrante da Câmara.

Participante ativo da campanha “Nós Votamos” em Massachusetts, Antônio Massa, do Centro do Imigrante Brasileiro (CIB), disse que se assusta com a extrema direita dos republicanos, embora não veja o partido em si como uma ameaça. “Acho que temos que começar a ver onde, no partido republicano, podemos educar estes legisladores novos, sobre a nova causa”, disse. O brasileiro acredita na negociação entre os dois partidos, mas lembra que os valores republicanos são bem mais rigorosos do que os valores dos democratas.

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