O crescimento da população imigrante em Long Island tem levado a um aumento correspondente das tensões étnicas
The New York Times
A crescente população de imigrantes em Long Island levou a uma contribuição desproporcional para a economia da região, com trabalhadores estrangeiros em todo o espectro das ocupações. Metade dos assalariados imigrantes trabalham em escritórios, de acordo com um estudo divulgado na quarta-feira.
Mas, ao contrário da percepção generalizada, em Long Island, segundo o estudo, a expansão da força de trabalho dos imigrantes – legais e ilegais – não tirou empregos dos americanos. "A análise encontrou pouca base para sustentar a preocupação pela qual os imigrantes estão tirando empregos dos americanos", revela o relatório, baseado em dados do censo e conduzido pelo Instituto de Política Fiscal, uma organização de pesquisa independente de Nova York. "Como os imigrantes desempenham um papel cada vez mais importante na economia de Long Island", diz o estudo, "ele têm sido absorvidos rapidamente pelo mercado de trabalho".
O crescimento da população imigrante em Long Island tem levado a um aumento correspondente das tensões étnicas, especialmente no condado de Suffolk, onde o sentimento anti-imigrante, ocasionalmente, tem levado à violência, incluindo o assassinato, em 2008, de Marcelo Lucero, um imigrante equatoriano. Os autores do relatório advertem que a manutenção do clima anti-imigrantes pode sufocar a economia da região.
"Em um contexto político volátil, os líderes políticos, de negócios e de entidades sem fins lucrativos devem estar conscientes do papel global positivo que a imigração tem desempenhado na economia local", disse o estudo, que analisou dados de 1990, 2000 e 2007.
Mas os pesquisadores também disseram que os robustos benefícios econômicos em Long Island não foram divididos em partes iguais. Embora o nível de desemprego tenha diminuído ou pelo menos se mantido para muitos setores da população entre 1990 e 2007, diz o relatório, um grupo de residentes nascidos nos Estados Unidos – homens negros com no máximo o ensino médio – sofreu um aumento no desemprego, hoje em 7,8% dessa população.
O relatório afirma que outros fatores além da imigração, como a perda de empregos industriais na região e alta taxa de encarceramento, pode ter afetado o desemprego entre os homens negros. Ainda assim, dizem os autores, o agravamento da situação de desemprego para homens negros menos educados em uma época de imigração crescente "é motivo de preocupação e atenção".
Em comparação, as taxas de desemprego entre as mulheres americanas ficaram estáveis entre 1990 e 2007, com quedas significativas entre mulheres hispânicas ou negras, segundo o estudo. Para a população geral de homens nascidos nos Estados Unidos, as taxas permaneceram estáveis.
Um porta-voz da Federação Americana para a Reforma da Imigração, um grupo de Washington que defende a redução dos níveis de imigração, disse que estava preocupado com o relatório. "A política de imigração tem de manter um equilíbrio entre a oferta e a procura de empregos e não deixar um grupo para trás", disse Bob Dane.
O impacto da imigração em trabalhadores americanos de baixos salários, disse ele, é provavelmente pior do que o estudo relatou, porque analisou dados anteriores à atual recessão. Dane disse também que o estudo não conseguiu calcular os custos da imigração ilegal, inclusive impostos não recolhidos, dinheiro enviado para outros países e drenos nos serviços públicos e no sistema de saúde.
Entre 1990 e 2007, a população imigrante de Long Island cresceu 62%, de 277 600 para 449 mil pessoas, segundo o relatório. Durante o mesmo período, a população nascida nos Estados na região não acompanhou o ritmo, e a participação dos imigrantes entre os moradores cresceu de 11% para 16%.
O estudo afirma que os imigrantes de Long Island trabalham numa ampla gama de ocupações, desmentindo a percepção de que os estrangeiros se concentram em serviços mal remunerados e pouco qualificados. Cerca de 16% dos executivos de Long Island são imigrantes, assim como 22% de profissionais com alta educação, como médicos, advogados e engenheiros
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