Imigrantes indocumentados, alguns deles chegaram a tirar a licença de piloto
A prisão de brasileiros que faziam curso de piloto de avião em Massachusetts está levantando questionamentos quanto a segurança do país. De julho último até a semana passada a imigração prendeu 34 alunos da TJ Aviation Flight Academy, localizada em Stow. Entre os detidos está Thiago de Jesus, 26, proprietário da escola de aviação.
De acordo com notícia publicada no The Boston Globe, Thiago tem licença para pilotar aviões monomotores. Segundo agentes federais, ele foi preso em julho. Na semana passada, o brasileiro ainda podia ser visto dando aulas de pilotagem.
Laura J. Brown, porta-voz da Administração Federal da Aviação (FAA, em inglês), confirmou que Thiago tem licença para pilotar e dar aulas, mas não fez nenhum comentário a respeito sobre a escola ainda estar aberta. “Temos uma investigação em andamento”, disse ela. A TJ Aviation é investigada por conta das questões de segurança que envolvem os pilotos nos Estados Unidos.
Thiago disse que é residente legal, mas se negou a mostrar os documentos quando foi entrevistado pelo The Boston Globe. Natural do sul do Brasil, veio para o país com 16 anos de idade. Segundo a porta voz do ICE (imigração), Kathryn Mattingly, o brasileiro tem uma audiência de deportação em fevereiro próximo, em Boston. Ele foi acusado de estar no país ilegalmente, de acordo com ela.
Segundo os registros da FAA, Thiago dá aulas de pilotagem há dois anos, e registrou a TJ Aviation Inc. em 2008. De acordo com ele, todos seus alunos estrangeiros tiveram a aprovação da Administração de Segurança de Transportes (TSA) antes de se tornarem seus alunos. O brasileiro disse ainda que não sabia que os estudantes, os quais pagaram $165/hora pelas aulas, estavam indocumentados no país. “É algo que ela [TSA] aprovou em primeiro lugar. Cada estudante que tivemos foi até a TSA, e a TSA os aprovou”, disse ele.
Dono da escola alega inocência
Ainda de acordo com Thiago, muitos destes estudantes foram presos e colocados na fila de deportação, no mês passado. Mais ou menos na mesma época, segundo o instrutor de pilotagem, a TSA enviou a ele um e-mail, cancelando a aprovação de muitos estudantes. O brasileiro declarou que obteve permissão dos agentes federais para manter a escola aberta, e que seguiu todas as regras.
“Você acha que se eu tivesse feito algo errado, ainda estaria com a escola aberta?”. Falando inglês fluentemente, Thiago explicou o que significa ser piloto no Brasil. “É quase como ser um médico. Estas são pessoas honestas.... Só querem um futuro melhor”.
Os agentes do ICE não encontraram nenhum vínculo com o terrorismo na TJ Aviation. Mas a TSA está agora exposta a problemas envolvendo os alunos admitidos em escolas de aviação. O próprio website da TSA diz que os estudantes precisam ser “devidamente checados e ser estrangeiros legais”. O fato envolve ainda a segurança nacional. Durante as investigações dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, foi constatado que os sequestradores dos aviões que se chocaram contra as torres gêmeas tinham tido lições de pilotagem nos Estados Unidos.
Nem a TSA, nem a FAA, conseguiram explicar como os imigrantes indocumentados conseguiram ingressar na escola de aviação e obter licença de piloto. Autoridades da TSA declararam que estão revendo as circunstâncias sob as quais os brasileiros obtiveram as licenças. O número de alunos autorizados a voar e a obter as licenças não foi divulgado. A TSA disse ainda que todos alunos estrangeiros e suas devidas licenças são checadas rotineiramente com listas de terroristas.
Milhares de estrangeiros sem documentos legais obtiveram licença de pilotagem nos Estados Unidos, de acordo com reportagem da rede ABC News, realizada há dois anos.
Segundo William Joyce, advogado de imigração que está representando alguns alunos da TJ Aviation, muitos de seus clientes estão se sentindo traídos por Thiago. Segundo os estudantes, eles nem se deram conta de que teriam o status imigratório checado. “Tudo o que sei é: estas pessoas estão em grandes apuros”, disse. Ele considerou os clientes um tanto ingênuos neste ponto, pois os imigrantes ilegais não podem nem ter uma carteira de motorista em Massachusetts.
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