A exigência foi publicada no
diário oficial do governo mexicano na última quarta-feira (03/08).
Em comunicado, foi citada a
"busca de soluções mutuamente aceitáveis para assegurar uma migração
segura, organizada e regularizada, assim como para combater os grupos do crime
organizado internacional que lucram com o tráfico de migrantes e de
pessoas".
Na semana passada, os Estados
Unidos disseram que 183 brasileiros (de um total de 224 pessoas, entre as quais
havia outras nacionalidades) foram detidos ao tentar entrar ilegalmente pela
cidade de Imperial Beach, no Estado da Califórnia.
Os pedidos de vistos deverão ser
feitos a partir do dia 18 de agosto e serão registrados no passaporte comum.
Será necessário agendar um horário na embaixada ou nos consulados mexicanos para
obter o selo de permissão.
Hoje em dia, está em vigor um
sistema eletrônico de emissão de vistos pelo Instituto Nacional de Imigração do
México que deixará de funcionar para os brasileiros.
Esse esquema foi implementado há
cerca de nove meses. Antes, os brasileiros só precisavam do passaporte para
ingressar no país.
Muitas dificuldades
Muitos estão confusos sobre as
mudanças. Algumas pessoas dizem que já conseguiram a autorização pelo sistema
eletrônico, mas têm a viagem marcada para depois do dia 18 de agosto.
Nas redes sociais, elas se
queixam de não conseguir informações das representações diplomáticas mexicanas
para esclarecer se essas autorizações continuarão válidas.
A BBC News Brasil entrou em contato
por telefone e e-mail com a embaixada mexicana em Brasília e com o consulado em
São Paulo. Não conseguiu resposta — o e-mail para embaixada, por sinal,
retornou.
No site, o consulado diz reiterar
"que não tem nenhum controle sobre o sistema de autorizações eletrônicas e
que não assume nenhuma responsabilidade pelas perdas de reservas de passagens
de avião, hotéis nem quaisquer outros prejuízos".
As dificuldades para os viajantes
brasileiros, no entanto, já levam alguns meses.
A designer de unhas Melissa Jung,
de Mato Grosso, afirma que desde o final de maio o sistema de eletrônico do
governo mexicano não funciona de forma regular para conceder os pedidos de autorização
de entrada no país.
Ela relata que desde então
viajantes brasileiros criaram um grupo no WhatsApp para trocar informações
sobre os problemas.
Um dos integrantes do grupo, diz
Melissa, descobriu uma "janela de tempo" em que o site do governo
mexicano continuava funcionando e desenvolveu um sistema complexo que consistia
em abrir cerca de 60 abas no navegador de internet e esperar a mudança de um
minuto para o outro no relógio para ter sua solicitação aceita.
Ela também disse que
nacionalidades como russa ou turca eram aceitas no formulário online, mas a
brasileira não.
Melissa criou um perfil no
Instagram chamado @mexico.umpesadelo para compilar relatos de problemas
enfrentados pelos viajantes brasileiros, inclusive na chegada ao México. Também
publicou tentativas bem-sucedidas com o sistema de "janela de tempo" para
conseguir o visto eletrônico.
Outras queixas dos viajantes
enviadas ao perfil criado por Melissa se referem a informações conflitantes
dadas por diferentes representações diplomáticas do México. Ela diz que recebe
de 200 a 300 mensagens por dia
Melissa conseguiu viajar para o
México em julho para realizar uma especialização. Ela afirma que pretende
voltar ao país para uma competição de design de unhas e está preocupada em
enfrentar um novo périplo para obter o visto.
Magda Nassar, presidente da Abav
Nacional, entidade que reúne agências de viagem, afirma que "o México é um
destino que ganhou muitos visitantes nos anos de investimento no Brasil, mas já
vimos que após o anúncio da retomada da obrigatoriedade do visto, destinos no Caribe
sem essa exigência voltaram imediatamente a ser procurados como
alternativa".
"Sabemos que muitos destinos
competem pelo viajante brasileiro, que tem um dos maiores valores de ticket
médio em comparação com outros visitantes mundiais. Sabemos também que o
brasileiro evita ao máximo burocracia de qualquer tipo. Por essas razões,
consideramos esta decisão retrocesso", diz Nassar.
Gervásio Tanabe, presidente
executivo da Abracorp, que também reúne empresas do setor, diz que
"qualquer dificuldade imposta prejudica, num primeiro momento, os planos
do viajante": "Temos hoje uma dinâmica um pouco diferente nas
viagens. Então, qualquer exigência adicional é um dificultador".
A BBC News Brasil também entrou
em contato com o Itamaraty para saber se haverá algum tipo de auxílio para os
viajantes brasileiros e aguarda resposta.
bbc.com
www.miguelimigrante.blogspot.com
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