quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Rede municipal de ensino tem 402 alunos migrantes de 19 países em Foz do Iguaçu

 

Foto Thiago Dutra 

Cidade fronteiriça, Foz do Iguaçu sempre se diferenciou de outros municípios por receber, na rede municipal de ensino, um grande número de alunos migrantes e considerar a diversidade cultural e linguística destas crianças.

Em 2018, com o aumento no fluxo migratório, a Secretaria Municipal da Educação intensificou o Programa de Acolhimento ao Aluno Migrante/Refugiado, o que tem garantido uma melhor adaptação e o desenvolvimento destes estudantes em sala de aula. Hoje, são 402 estudantes migrantes/refugiados de 19 países matriculados em 47 das 50 escolas da rede pública. 

O maior número é de alunos paraguaios (203), venezuelanos (193) e argentinos (22), mas o sistema também acolheu crianças de Cuba, Bolívia, Equador, Haiti, Colômbia, Peru, México, Chile, Síria, Líbano, Bangladesh, Costa do Marfim, Guiana Francesa, Portugal, Angola e Espanha. 

A coordenadora pedagógica do programa de acolhimento, Liane Chichoski, conta que o fluxograma estabelecido com as escolas e as parcerias com outras secretarias, como a de Direitos Humanos e Relações com a Comunidade, também contribuem para a adaptação das crianças na rede. 

“Ao analisarmos o perfil sócio-linguístico destes alunos, conseguimos planejar as formações para os nossos professores e buscar parcerias que nos auxiliem neste trabalho”, explica. “Muitas vezes, a própria comunidade árabe nos ajuda com o acolhimento de um aluno e a interação dele com a nova escola”, completou.

Respeito à diversidade

Na Escola Parigot de Souza, onde estudam alunos da Venezuela, Síria, Paraguai e Argentina, a diversidade cultural e linguística nunca foi uma barreira. Tanto é que a unidade recebeu recentemente o Prêmio Ibero-Americano de Educação Intercultural Bilíngue, que reconhece as experiências educacionais de interculturalidade e bilinguismo nas escolas da rede pública.

 “Tentamos sempre nos aproximar da língua materna deles [alunos]. Temos professores que falam o inglês e o espanhol, e auxiliam muitas vezes com as traduções, mas em sala utilizamos objetos e todas as ferramentas possíveis para uma interpretação, sempre valorizando a cultura de cada um”, explica a coordenadora da escola, Viviane Marques. 

No início deste ano, a unidade de ensino recebeu seu primeiro aluno sírio, o pequeno Jad Assani, de 6 anos. A família conta que foi muito bem recebida na escola e que Jad, mesmo com a pouca idade, aprende com muita facilidade. “Ele já falava o inglês e aprendeu o português muito rápido. Ninguém obrigou ele aprender, foi algo muito natural e nós também estamos aprendendo. Ele é muito feliz na escola e está aprendendo também o espanhol” disse o pai, Ahmad Assani. 

Segundo ele, a família deixou a Síria em busca de melhores condições de vida no Brasil. “A educação e a saúde são gratuitas, o que ajuda a gente a ficar aqui. Temos parentes e muitos amigos da comunidade árabe que incentivaram a gente vir para o Brasil”, contou Assani. 

Por conta da crise econômica na Argentina, Nilda Moreira e a família deixaram a capital, Buenos Aires, e se mudaram para Foz do Iguaçu há seis meses. A filha, Juana, de 7 anos, também está matriculada na Escola Parigot. “Eu fico muito contente e feliz por ela, que foi tão bem recebida. As professoras entendem, ajudam muito e estão sempre em contato comigo”, disse a mãe. 

Das 50 escolas da rede municipal, 47 possuem alunos migrantes. O levantamento nos Cmeis (Centro Municipal de Educação Infantil) está sendo feito pela coordenação do programa de acolhimento.

Atendimento

A legislação brasileira determina que estrangeiros têm direito ao acesso à educação da mesma forma que as crianças e os adolescentes brasileiros, conforme expresso pela Constituição Federal, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e pela Lei da Migração. Além disso, a Lei dos Refugiados garante que a falta de documentos não pode impedir o acesso à escola.

As famílias migrantes podem buscar diretamente a escola mais próxima para efetivar a matrícula ou procurar a Secretaria Municipal da Educação, no complexo Bordin.

Fonte: 

Foz.portaldacidade.com

www.miguelimigrante.blogspot.com



Nenhum comentário:

Postar um comentário