O Papa Francisco, ao longo destes nove anos de pontificado, tem demonstrado seu compromisso com os migrantes e, de maneira mais enfática, os refugiados de guerra. Em suas convocações aos católicos e cristãos num todo, como também aos governos das nações, Francisco fundamenta o acolhimento às vítimas das guerras como convite do próprio Evangelho:
“Diante da tragédia de dezenas de milhares de refugiados que fogem da morte pela guerra e pela fome, e que estão em um caminho em direção a uma esperança de vida, o Evangelho chama-nos a acolher os menos favorecidos e mais abandonados, para dar-lhes uma esperança concreta”.
Na recente visita à ilha de Malta, mostrando sua sensibilidade pela causa migratória, o Papa disse: “Irei como peregrino a Malta, um país que acolhe muitos migrantes”.
Francisco conhece a importância do cuidado aos estrangeiros que buscam outras terras para sobreviver, pois ele próprio é filho de imigrantes italianos, que buscaram a Argentina visando uma vida melhor.
A denúncia do Papa aos que promovem sofrimento nas guerras
Ao celebrar a Jornada do Migrante e do Refugiado em 2015, Francisco falou da “globalização da indiferença”, em relação aos migrantes ilegais. Em 2019, voltou a falar do tema e afirmou que o mundo era cada vez mais cruel com os excluídos e, entre esses, deixou destacado os migrantes que são forçados a sair dos seus países: “Uma verdade que provoca dor é que este mundo é, cada vez mais, elitista, mais cruel com os excluídos”.
Ainda em 2019, falou da produção de armas e recusa aos refugiados:
“As guerras abatem-se apenas sobre algumas regiões do mundo, enquanto as armas para as fazer são produzidas e vendidas noutras regiões, que depois não querem ocupar-se dos refugiados causados por tais conflitos. Quem sofre as consequências são sempre os pequenos, os pobres, os mais vulneráveis”.
Em 2018, numa entrevista coletiva à imprensa, o Papa denunciou os traficantes que se aproveitam dos refugiados de guerra: "Há um caso que conheço em que os traficantes se aproximaram de um navio que os acolheu e lhes passaram as mulheres e crianças, e levaram embora os homens”. Mas reconheceu que “há governos que se preocupam com o fato de que os migrantes não caiam nas mãos dessa gente”.
Na invasão da Rússia à Ucrânia, muitas foram as afirmações do Papa, mostrando a hipocrisia do governo russo e contestando as suas afirmações para justificar a guerra: “Esta não é apenas uma operação militar, mas uma guerra que semeia morte, destruição e miséria”.
Agradecimento aos países que acolhem refugiados de guerra
Uma característica forte de Francisco, mesmo nas situações mais conflitantes, é o reconhecimento da bondade das pessoas, da gratuidade do ‘evangelho vivo’, por vezes em apenas ‘grão de mostarda’. Citando dois momentos de gratidão nas ações concretas de países, entre tantos outros, o Papa, falando para a imprensa em 2018, elogiou a “Itália, Grécia, Turquia, Líbano ou Jordânia, muito generosos em acolher uma onda de refugiados que fogem das guerras e da fome”, se referindo aos refugiados da África e do Oriente Médio.
Recentemente, no dia dois de março passado, o Papa destacou a Polônia como primeiro país a acolher os irmãos ucranianos:
“Vocês, por primeiro, apoiaram a Ucrânia abrindo suas fronteiras, seus corações e as portas de suas casas para os ucranianos que fogem da guerra.
Vocês estão oferecendo generosamente a eles todo o necessário para que possam viver com dignidade, não obstante a dramaticidade do momento. Sou profundamente grato a vocês e os abençoo de coração!”
E como fiel devoto de Nossa Senhora, o Papa Francisco entrega os corações generosos à Virgem: “Rezemos novamente, sem nos cansarmos, à Rainha da Paz, a quem consagramos a humanidade, especialmente a Rússia e a Ucrânia, com grande e intensa participação, pela qual agradeço a todos vós”.
Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R.
Missionário Redentorista com bacharelado em Teologia (UCSal), pós-graduado em Comunicação e Cultura Brasileira (SEPAC-PUC/SP) e mestrado em Comunicação e Semiótica (PUC/SP)
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www.miguelimigrante.blogspot.com
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