De acordo com o coordenador de estatísticas do Observatório das Migrações Internacionais, Tadeu Oliveira, o Brasil é um país receptor de imigrantes, mas falha em criar condições de inclusão para quem chega.
Em entrevista à CNN, ele avaliou que há “uma lacuna muito grande” entre permitir a entrada dessas pessoas – que vêm de lugares como Haiti, Venezuela e países africanos – e “dar dignidade para elas, já que não há política de estado clara.”
O coordenador do OBMigra citou, por exemplo, que não há política para ensinar o idioma para os migrantes. “Isso é necessário para ele saber os direitos dele, passar por consultas médicas e até frequentar escolas.”
A transição demográfica no Brasil, segundo Tadeu, é de envelhecimento do mercado de trabalho. “Esses migrantes chegam para ajudar a economia brasileira, não estão competindo com nativos por empregos.”
Tadeu ainda afirmou que muitas vezes o empregador percebe a vulnerabilidade de quem chega e acaba por “explorar” na oferta de trabalho. “As pessoas aceitam qualquer condição, porque precisam sobreviver.”
Ele também cita o racismo estrutural como um fator. “Negros trabalham em uma jornada mais intensa e com remuneração mais baixa, o racismo é um componente a mais.”
Imigrantes negros recebem, em média, de um a dois salários-mínimos no Brasil, segundo levantamento do OBMigra.
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