sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Quase mil crianças e adolescentes da Venezuela recebem apoio para continuar a estudar em ação do UNICEF e parceiros

 


Fora da escola não pode! Em meio ao retorno às aulas presenciais no estado de Roraima, um mutirão de matrículas resultou em 960 crianças e adolescentes refugiadas e migrantes da Venezuela apoiadas com o processo de matrícula para ingresso no ensino formal brasileiro, sendo uma em cada cinco indígenas. Parte da estratégia da Busca Ativa Escolar, a ação foi realizada pelo UNICEF em parceria com o Instituto Pirilampos e apoio da rede pública de ensino, entre os dias 1º e 4 de fevereiro. 

O mutirão ocorreu dentro de 9 abrigos e no Posto de Recepção e Acolhimento (PRA) em Boa Vista, com apoio do Subcomitê Federal de Acolhimento e Interiorização e da Força Tarefa Logística Humanitária da Operação Acolhida. 

O impacto de dois anos de pandemia no fechamento das escolas intensificou as desigualdades na educação de crianças e adolescentes, principalmente os mais vulneráveis. No contexto do fluxo migratório da Venezuela, a situação é ainda mais desafiadora pelas dificuldades enfrentadas no deslocamento forçado, incluindo a barreira do idioma.  

“Precisamos garantir que o direito à educação seja assegurado para todos, independentemente da nacionalidade. Muitas das famílias que chegam ao Brasil não têm o conhecimento do processo de matrícula no ensino formal brasileiro. É fundamental que elas tenham acesso às informações e o apoio necessário para seguirem com o pedido de adesão às escolas”, afirma Julia Caligiorne, Oficial de Educação do UNICEF em Roraima. 

Composta por 96 pessoas, entre colaboradores e voluntários, a equipe do mutirão forneceu atendimento personalizado para cada pai, mãe ou responsável legal, com informações sobre o processo de matrícula, realização da pré-matrícula por meio de ligação telefônica quando possível, encaminhamento ao exame de classificação, além de um voucher para as fotocópias dos documentos necessários, assim como uma sessão de fotos 3x4, também fundamentais para a conclusão do processo. 

Há oito meses no Brasil, o casal Gabriela Arriojas e José Angel está contente que três dos seus quatro filhos – com exceção da bebê – poderão finalmente estudar. A família saiu da Venezuela por motivos de saúde, preocupada depois da perda de uma gestação avançada. Aqui, esperam que a educação apoie a integração das crianças. “Sentia-me mal que não estivessem estudando. Se estivessem na escola, já teriam aprendido português”, afirma Gabriela. Com 6 anos, o filho do casal, Williams Alexander, sente falta da sala de aula para “colorir, pintar e ver os amigos”.  

“O papel da nossa equipe foi facilitar a inclusão de crianças e adolescentes no ensino formal e garantir que elas tivessem o apoio necessário para a realização das matriculas nas escolas de Boa Vista. Ficou claro que muitos pais e cuidadores por vezes desistem por causa das barreiras que encontram, após receberam negativas diante da falta de documentos ou pela incompreensão dos procedimentos”, diz Mariann Mesquita, presidente do Instituto Pirilampos. 

A ação contou com a contribuição da Secretaria Municipal de Educação de Boa Vista, que disponibilizou, de forma exclusiva, a linha telefônica da central de matrículas para que as equipes pudessem realizar a pré-matrícula das crianças e adolescentes identificados fora da escola e tirar possíveis dúvidas de pais e responsáveis.  

“Neste início de ano letivo, a ação do mutirão foi fundamental para reforçar e apoiar a campanha de matrículas que está sendo realizada pelo município de Boa Vista. O trabalho em conjunto da Busca Ativa Escolar está trazendo resultados significativos para que cada vez mais crianças e adolescentes estejam matriculados na escola, fortalecendo o nosso interesse em comum que é a garantia do acesso à educação”, afirmou a secretária de Educação de Boa Vista, Maria Consuelo Sales Silva. 

O mutirão foi realizado no âmbito do projeto Super Panas, espaços que oferecem atividades de educação não formal e de apoio psicossocial para crianças e adolescentes refugiados e migrantes da Venezuela, mantidos através do apoio do Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária da União Europeia (ECHO, na sigla em inglês) e do Escritório para População, Refugiados e Migração do Departamento de Estado dos Estados Unidos (PRM, na sigla em inglês). 

O UNICEF e parceiros continuarão acompanhando os casos atendidos, de forma a garantir que as famílias consigam concluir a matrícula e assegurar que essas crianças e adolescentes estejam na escola. 

Desde o início da pandemia, mais de 80 mil crianças e adolescentes foram encontrados pela Busca Ativa Escolar e voltaram para a sala de aula, em todo o Brasil.  

 

Sobre a Busca Ativa Escolar 

Presente em mais de 3 mil municípios e 20 estados do País, a Busca Ativa Escolar é uma estratégia que colabora com governos municipais e estaduais para enfrentar a exclusão escolar, desenvolvida pelo UNICEF e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com o apoio do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). O objetivo é apoiar os governos na identificação, registro, controle e acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão, para que cada menina e cada menino possa recuperar a aprendizagem e ter uma trajetória de sucesso escolar. Saiba mais em: https://buscaativaescolar.org.br/ 

Unicef

www.miguelimigrante.blogspot.com

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