A OIM, Agência da ONU para as Migrações, publicou nesta semana a Matriz de Monitoramento do Fluxo da População Venezuelana na Região Metropolitana de Manaus, compreendendo a capital e os municípios Presidente Figueiredo e Iranduba, no Norte do País. O levantamento, conhecido como DTM, (da sua sigla em inglês, Displacement Tracking Matrix) mostra que a capital do Amazonas continua sendo uma das cidades brasileiras mais procuradas por refugiados e migrantes venezuelanos.
Entre os mais de 600 entrevistados venezuelanos, que representam com seus familiares uma amostra de 1.109 pessoas, 73% afirmaram ter Manaus como destino final no Brasil, ou seja, querem fixar residência na capital manauara. Manaus fica a cerca de 700 quilômetros de Boa Vista, capital que mais recebe o fluxo de refugiados e migrantes no Brasil.
O levantamento também aponta que uma das prioridades dos venezuelanos é obter emprego e renda para se sustentar no Brasil e ainda há o desejo de enviar recursos para ajudar familiares que ficaram na Venezuela). O monitoramento também aponta um nível de escolaridade acima do Ensino Médio, Técnico e mesmo Ensino Superior para a maioria (76%).
A pesquisa mostra que os venezuelanos também sofrem os impactos da pandemia de COVID-19 e outros relacionados à situação de vulnerabilidade. No momento da entrevista, mais da metade dos entrevistados estava desempregada ou trabalhando na informalidade, sendo 56% de mulheres em idade ativa desempregadas. Entre os que têm renda, mais da metade (58%) recebe menos de um salário-mínimo.
COVID-19 - A pandemia causou impactos negativos na vida dos venezuelanos no Brasil. Quase 80% deles tiveram a renda afetada pela crise sanitária, além da piora das condições de trabalho para quase 60% dos entrevistados. No período de pandemia da COVID-19, mais de 40% dos entrevistados responderam ter o acesso a alimento dificultado.
Para a coordenadora do escritório da OIM em Manaus, Jaqueline Almeida, os venezuelanos que estão na cidade têm potencial de se integrar e somar com o crescimento da cidade e municípios vizinhos, mas muitos ainda precisam de apoio. “O DTM aponta ainda um cenário de vulnerabilidade em relação aos entrevistados se avaliarmos que mais da metade recebe menos de um salário-mínimo, e que uma parcela está desempregada ou na informalidade e há aqueles que relatam dificuldades de acessar alimentos diariamente. Por isso nosso apoio às ações dos governos federal e locais para reforçar a integração continua no Amazonas”, disse Almeida.
Resposta - Desde 2019 a OIM mantém atividades permanentes de resposta ao fluxo de venezuelanos em Manaus e municípios vizinhos em apoio às autoridades locais. Atualmente são oferecidas atividades de documentação, saúde, educação, proteção e integração socioeconômica. Só no apoio à documentação são atendidas cerca de 400 pessoas por semana. A OIM também contribui para a estratégia federal de Interiorização, que já apoiou a viagem e a integração de quase 70 mil refugiados e migrantes em cidades de todas as regiões do Brasil para vagas de emprego, abrigamento ou reunião com amigos ou familiares.
O DTM – a pesquisa tem como objetivo levantar as necessidades da população de refugiados e migrantes venezuelana para auxiliar a tomada de decisões. Desde 2018, a OIM já realizou mais de 10 rodadas do DTM com venezuelanos na Região Norte do Brasil, sobretudo nos municípios de Boa Vista e Pacaraima, no estado de Roraima. Em 2021, foi realizada a DTM nacional sobre a população indígena venezuelana em parceria com o governo federal. Em Manaus, foram duas rodadas, a primeira ocorrida em março de 2020.
As atividades da OIM contam com o apoio financeiro do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América.
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