quarta-feira, 3 de abril de 2019

Mais de metade dos migrantes africanos ficaram no continente em 2017

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Os dados constam de um relatório elaborado pela Fundação Mo Ibrahim, que promove a boa governação em África, e que servirá de base às discussões da iniciativa "Ibrahim Governance Weekend", que decorre em Abidjan, na Costa do Marfim, no próximo fim de semana.
O relatório, elaborado anualmente como suporte às discussões do fórum, pretende oferecer uma perspetiva africana sobre as migrações, destacando que estas ocorrem sobretudo dentro do continente africano, contrariamente à perceção dos países ocidentais, e são motivadas pela falta de oportunidades de emprego, mais do que por questões de segurança.
Em 2017, dos 36,3 milhões de migrantes africanos registados, 25,7% viajaram para  a Europa, 12,2% para a Ásia e 53,4% permaneceram em África, destaca o estudo.
Se por um lado, 90% dos migrantes do norte de África foram para a Europa ou Ásia, 70,3% dos da África subsaariana saíram para outro país dentro do continente.
A União Europeia acolhe 9,1 milhões de migrantes africanos, 5,1 milhões do Norte de África e 4 milhões da África subsaariana.
A França recebeu a maior percentagem de migrantes africanos (10,5%), mais do que qualquer país de África.
No continente africano, a África do Sul foi o país que recebeu a maior percentagem de migrantes (6,1%), seguido da Costa do Marfim (5,8%) e Uganda (4,4%).
A Ásia é o segundo maior destino fora de África, acolhendo 4,4 milhões de migrantes, na sua larga maioria trabalhadores temporários do Egito e da África Ocidental a viverem nos países do Golfo e na Jordânia.
Os migrantes africanos são maioritariamente jovens e com formação e 80% são movidos pela expetativa de melhores perspetivas económicas e sociais.
A insegurança não é o principal fator nas migrações, com os refugiados a representarem 20% do total de migrantes e a ficaram na sua grande maioria (90%) no continente.
O documento aponta, por outro lado, que se tivessem oportunidade mais pessoas mudariam de país, e quando questionados sobre o destino, 34% de inquiridos de 34 países africanos responderam que ficariam no continente, enquanto 48,4% asseguraram que viajariam para a Europa ou para a América do Norte.
O evento de três dias reúne, numa capital africana a cada ano, líderes políticos e empresarias, representantes da sociedade civil, instituições regionais e multilaterais, bem como os principais parceiros internacionais de África "para debaterem um tema crucial para o continente", segundo a organização.
Este ano, o encontro pretende homenagear o legado do antigo secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan, falecido em 2018, e é dedicado aos desafios e oportunidades das migrações e à sua relação com as expetativas de emprego e mobilidade dos jovens africanos.
"Juventude Africana: Empregos ou migração?" é a proposta para a discussão que pretende, desde logo, reposicionar o debate sobre as migrações, desmistificando alguns dos aspetos e apresentando a perspetiva africana, segundo a organização.
A ex-Presidente da Libéria e prémio Nobel da Paz, Ellen Johnson Sirleaf, o músico e ativista irlandês Bono e o antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano são alguns dos convidados.
O evento inclui, além do Fórum Mo Ibrahim, o Fórum Nova Geração, um encontro de líderes emergentes e jovens profissionais.
A fundação foi criada em 2006 pelo empresário de origem sudanesa Mo Ibrahim para promover a boa governação e a liderança em África.
Anualmente, a fundação publica um índice que avalia a governação nos países africanos e atribui o Prémio Mo Ibrahim para a boa governação, com o qual já foram distinguidos os antigos presidentes de Moçambique e Cabo Verde, Joaquim Chissano (2007) e Pedro Pires (2011), respetivamente.
Em 2017, o prémio, que tem o valor de 5 milhões de dólares, foi entregue à ex-Presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf.
Lusa
www.miguelimigrante.blogspot.com

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