quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Conselho de Direitos Humanos visita RR para verificar situação de venezuelanos





Procurador Federal dos Direitos do Cidadão adjunto, João Akira, afirmou que foram identificadas violações dos direitos de venezuelanos em Roraima (Foto: Nilzete Franco)


Uma comitiva do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) chegou no início da tarde do dia , 23, a Roraima para acompanhar a situação dos milhares de migrantes venezuelanos que estão vivendo no Estado. Os trabalhos, que estão sendo coordenados pelo Ministério Público Federal (MPF), seguem até sexta-feira, 26.
Durante os quatro dias em que irão permanecer no Estado, os conselheiros farão vistorias nos abrigos onde os migrantes estão alojados em Boa Vista e em Pacaraima, além de reuniões com a sociedade civil, agências internacionais e autoridades locais de órgãos do poder público que têm responsabilidade no assunto, como Polícia Federal e titulares das prefeituras e do Governo do Estado.
Conforme a Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), de 250 a 300 imigrantes venezuelanos passam diariamente pela fronteira com o Brasil. Segundo a Polícia Federal (PF) em Roraima, até 1º de novembro, foram registradas 20.137 solicitações de refúgio, sendo 15.643 só em 2017, e 2.740 solicitações de residência temporária.
Ainda na tarde de ontem, o grupo se reuniu com representantes de organizações ligadas aos direitos humanos, na Universidade Estadual de Roraima (UFRR), onde foram iniciadas as discussões sobre a situação vivenciada pelos estrangeiros.
Segundo o procurador Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) do MPF, que coordena visita, João Akira Omoto, violações de direitos dos venezuelanos foram identificadas em Roraima. “O Conselho vem acompanhando desde o início a crise migratória e nos últimos meses chegaram muitas informações sobre problemas na questão de abrigamento, além do fato de aumento progressivo do fluxo de migrantes. Por conta disso, deliberamos por fazer essa visita e verificar in loco a situação desses estrangeiros”, disse.
Além de Boa Vista e Pacaraima, os últimos municípios a receberem a comitiva, os conselheiros fizeram visitas nas cidades de Santarém e Belém, no Estado do Pará, e em Manaus, no Amazonas, que também têm registrado entrada de centenas de venezuelanos que fogem da crise econômica, política e social no país vizinho. “Vamos avaliar junto aos governos a situação como um todo, as dificuldades para orientarmos e fazermos recomendações sobre o que for necessário”, disse o procurador.
Ele classificou a crise migratória como reflexo da carência de políticas públicas para imigrantes. “Na verdade o que percebemos é que existe esforço por parte dos entes públicos envolvidos, mas que ainda é insuficiente. A lei de imigração foi aprovada em 2017 e prevê a necessidade de se estabelecer isso, mas me parece que o principal problema é a interlocução entre os poderes municipal, estadual e federal para que se possibilite melhor planejamento das políticas”, declarou.
Para a conselheira do CNDH, Camila Asano, a questão dos venezuelanos tem se mostrado uma das mais existentes da agenda dos direitos humanos. “Migrar é um direito humano e faz parte da nossa história e tem que ser protegido. Que bom que o Brasil tem adotado política aberta de acolhida e não fechado as portas de Roraima, sobretudo, tem levantado essa bandeira. É claro que as condições precisam melhorar e esse será o nosso objetivo, de conhecer a realidade e a partir disso fazer as contribuições”, frisou.
PROGRAMAÇÃO - Após ter participado de uma reunião com agências internacionais ligadas aos direitos humanos e representantes da sociedade civil, durante o primeiro dia de visitas ao Estado, a comitiva do Conselho Nacional ontem 24, estiveram   na sede da Polícia Federal em Roraima pela manhã e  visitas in loco nos dois abrigos para imigrantes na Capital.
À tarde, outro encontro com representantes da Defensoria Pública da União (DPU), Defensoria Pública do Estado (DPE) e Ministério Público Federal (MPF) será realizado na Procuradoria da República em Boa Vista.
Já na quinta-feira, 25, a comitiva irá até Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, onde fará reunião com a sociedade civil e visita in loco ao abrigo de imigrantes, à sede da Polícia Federal, além da Prefeitura e secretarias do município.
No último dia de visitas, que será na sexta-feira, 26, uma reunião com Governo do Estado e secretarias estaduais está marcada no Palácio Senador Hélio Campos. Depois, haverá encontro na Prefeitura de Boa Vista e secretarias municipais. À tarde, será realizada uma audiência pública e coletiva de imprensa em local e horário ainda a serem confirmados. (L.G.C)
Folha Web 
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