"Não vou permitir que meu Facebook continue sendo poluído por essa litania obsessiva de insultos xenófobos. Eles vêm de pessoas animadas pelo rancor, que alimenta a extrema direita em outros países e que, infelizmente, está também entre nós." Assim o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, que é de Rio Preto, iniciou texto-desabafo nesta sexta-feira, 21, na página dele sobre o Facebook, contra os ataques que vem sofrendo na rede desde que o projeto proposto por ele no Senado foi aprovado nesta terça, 18. A proposta, que foi para sanção do presidente Michel Temer e que facilita a entrada e permanência de estrangeiros no Brasil, pretende substituir o Estatuto do Estrangeiro, de 1980, quando o País ainda vivia sob a ditadura militar.
No texto, Aloysio defende a proposta com o argumento de que a trata do imigrante da mesma forma que os brasileiros são ou deveriam ser tratados em outros países. "Eu sou particularmente sensível a esse tema. Não só porque sou neto de imigrantes pobres que vieram da Itália, no início do século passado, como também porque vivi por 11 anos como exilado em terra estrangeira, batalhando por condições legais para ali trabalhar, ter acesso aos serviços públicos e educar minhas filhas", disse o ministro.
Os comentários na página do tucano começaram no mesmo dia da aprovação da proposta. Até esta quinta-feira, 20, haviam quase três mil comentários, a maioria xingando Aloysio, lembrando, inclusive, de seu passado de "terrorista" - o senador tucano participou da luta armada contra a ditadura nos anos 1960. Fez parte da ALN, grupo liderado por Carlos Marighella, e chegou a se exilar na França - e com comentários ofensivos a estrangeiros que viriam para o País com a nova lei, como os de países muçulmanos. "Xingamento de fascista para mim é elogio", afirmou o ministro.
A maior parte dos comentários já foi apagada pelo ministro. A assessoria de Aloysio desconfia que os comentários seriam fruto de ação coordenador por meio de robôs - contas falsas de seguidores inexistentes. Outra suspeita é de que os ataques partiram de "bolsonaristas", adeptos radicais do deputado federal Jair Bolsonaro, do PSC do Rio de Janeiro.
O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) também gravaram vídeos no Facebook com duras críticas à proposta de Aloysio. Caiado diz no vídeo /a> que a proposta “escancara” as fronteiras brasileiras para “terroristas e traficantes”. Em seu vídeo Feliciano foi mais longe e apelou para a concorrência que os estrangeiros vão fazer para os “12 milhões de desempregados” no País.
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