Crise faz imigrante trocar Brasil por outros países

Falta de emprego faz estrangeiro buscar outros lugares como Chile, Guiana Francesa e até Europa

• (Tatiana Cavalcanti)

Rivaldo Gomes/Folhapress

O imigrante haitiano Jackson Pierre, que está desempregado há mais de um ano, no quarto em que mora com a mulher e o filho, na Liberdade (centro); ele sobrevive de bicos e junta grana para se mudar para o Chile

Estrangeiros que chegaram no Brasil para trabalhar estão deixando o país com destino a países como Chile, Guiana Francesa e até mesmo Europa. O motivo é a falta de emprego que assola o país.

Com o êxodo dos estrangeiros, está até sobrando vagas no acolhimento da Pastoral do Imigrante, órgão da Igreja Católica no Glicério, na Liberdade (região central).

Segundo o padre Paolo Parise, um dos diretores da Missão Paz, o acolhimento tinha 30 leitos vazios, dos 110 oferecidos aos imigrantes, em março. Esse número varia, mas indica que menos imigrantes escolhem o Brasil.

“É um sinal da crise econômica, que afastou os contratantes”, diz o padre, que percebeu esse movimento de queda no início deste ano.

Muitos imigrantes tentam por meses arrumar emprego, mas sem ter como pagar aluguel, têm economizado pensando em viajar para mais longe e melhorar de vida.

O mestre de obras Jackson Pierre, 42 anos, é do Haiti e está desempregado há mais de um ano. Por R$ 800, ele mora em um quartinho na Liberdade com a mulher e o filho de oito anos. “Faço entrevistas, mas não resolve”. Para sobreviver, sobrevive de bicos na Feirinha da Madrugada, mas pretende se mudar para o Chile. “Lá a economia está melhor”.

O conterrâneo dele, o ajudante-geral Toussaint Eliassaint, 29 anos, desempregado há sete meses, pretende ir à Guiana Francesa.

A comerciante boliviana Rosa Mamani Penha, 54, teve que dizer adeus ao filho de 25 anos, que voltou para Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, há três meses. “É duro ficar sem ele, mas a situação aqui estava insustentável”.

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