A crise económica poderá potenciar o aumento de tráfico de seres humanos, advertiu h a secretária de Estado para os Assuntos Parlamentares e Igualdade, que presidiu ao lançamento em Portugal de uma campanha da ONU contra aquele crime.
"As crises económicas, como a que se vive na Europa e em Portugal com uma especial intensidade, potencia sempre riscos na área da igualdade em geral e em relação à vitimização", afirmou Teresa Morais.
A secretária de Estado para os Assuntos Parlamentares e Igualdade falava no final da apresentação no Porto da campanha das Nações Unidas "Coração Azul contra o tráfico dos seres humano" que começará sábado a ser difundida a nível nacional através da televisão, rádio, imprensa, outdoors e folhetos.
Teresa Morais admitiu ser "natural que numa situação em que há mais desemprego e mais carência económica as pessoas estejam mais vulneráveis e mais acessíveis a aceitarem ofertas de emprego em relação às quais não obtiveram informação suficiente".
"Por isso é que esta campanha, para além de se dirigir à população em geral e de querer obter aqui uma onda solidária com as vítimas de tráfico, é especialmente dirigida às potenciais vítimas, dizendo-lhes que se lhes oferecem trabalho no estrangeiro com condições excecionais, se o alojamento é garantido e se há um excelente salário, então informe-se primeiro, porque o cenário é tão interessante que pode não ser real", salientou.
De acordo com números apresentados pela secretária de Estado, em 2011 foram sinalizadas em Portugal 71 vítimas de tráfico, apenas 23 das quais confirmadas (oito mulheres e 15 homens), tendo a promessa de trabalho sido a forma de aliciamento.
"Admito que haja a qualificação de factos que podem estar a encaminhar estas situações para o lenocínio ou auxílio à imigração ilegal quando verdadeiramente podem ser casos de tráfico", referiu a governante, acrescentando que "perante um crime de tráfico, que é complexo, muito exigente e de difícil prova, pode estar a acontecer alguém pensar que mais vale acusar por um crime qualquer do que nenhum."
Teresa Morais admite ainda a possibilidade de "estes números não refletirem o conjunto e a totalidade da realidade" até porque em Portugal, como em todo o mundo, "há casos que não veem a luz do dia" e porque "a clandestinidade é avessa às estatísticas".
Portugal é o quarto país da Europa (e o primeiro da Lusofonia) a aderir a esta campanha de sensibilização lançada pela ONU em 2009 que visa consciencializar a opinião pública, organizações internacionais e os centros de decisão políticos de cada país para o problema do tráfico humano.
O escritório da ONU para as Drogas e Crime (UNODC) estima que todos os anos na Europa cerca de 140 mil vítimas de tráfico de seres humanos para exploração sexual são apanhadas num ciclo vicioso de violência, abuso e degradação.
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