sábado, 18 de junho de 2022

Unicef alerta para aumento 'maciço' de crianças migrantes em selva panamenha

 

Migrantes continuam sua jornada para o norte, da Colômbia ao Panamá, com o sonho de chegar aos Estados Unidos. — Foto: ASSOCIATED PRESS

Mais de 5.000 crianças cruzaram em 2022 a inóspita selva panamenha de Darién, o que é dobro dos menores que atravessaram esta perigosa via rumo aos Estados Unidos no mesmo período do ano anterior, alertou o Unicef nesta sexta-feira (17).

"Estamos em meio à temporada de chuvas neste momento e nossas equipes em campo estão vendo um aumento maciço de crianças que põem suas vidas em risco e cruzam a selva a pé nas piores condições climáticas", advertiu Jean Gough, diretora do Unicef para a América Latina e o Caribe.

"Cada vez mais meninos e meninas" são "obrigados a fugir de seus lares como única opção viável para sobreviver", acrescentou Gough em um comunicado.

Segundo Unicef, de 1º de janeiro até 31 de maio mais de 5.000 menores cruzaram o Darién, o dobro do mesmo período de 2021. Além disso, em maio de 2022 atravessaram a floresta 2.000 crianças, quatro vezes mais do que em maio de 2021.

Unicef também destacou que quase 170 crianças não estavam acompanhadas ou tinham sido separadas de suas famílias. Alguns tampouco tinham identidade ou registro de nascimento.

"O que vemos é que há um aumento significativo" de menores pela selva apesar de que "há muitos riscos", afirmou à AFP Laurent Duvillier, chefe regional de comunicação do Unicef.

"As crianças chegam em condições muito precárias e precisam de atenção médica por problemas de desidratação, infecções na pele, traumas pelo que viram, como assédio sexual, extorsão ou gente que morreu no caminho", acrescentou.

El Tapón del Darién, 5.000 km2 de floresta tropical na fronteira entre Panamá e Colômbia, se tornou um corredor para migrantes irregulares que tentam cruzar a América Central a partir da América do Sul rumo aos Estados Unidos.

Nesta via não há rodovias e os migrantes devem enfrentar rios caudalosos, animais selvagens e quadrilhas de criminosos. Segundo dados oficiais, em 2021 mais de 133.000 pessoas, a maioria haitianos e cubanos, cruzaram por ali. Quase um quarto deles foi de crianças.

Em 2022 já cruzaram mais de 32.000 pessoas, o dobro do mesmo período de 2021. Agora são majoritariamente venezuelanos.

Segundo o Unicef, a situação provocou a superlotação dos centros instalados pelo governo panamenho para atender estes migrantes.

G1

www.miguelimigrante.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário