quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Relatório da OIM: A COVID-19 faz disparar o número de migrantes vulneráveis em trânsito nas Américas

 

Pelo menos 30 mil crianças, a maioria abaixo dos cinco anos, estão dentre as mais de 125 mil pessoas que, neste ano, arriscaram suas vidas atravessando o Tampão de Darien, uma das rotas irregulares mais perigosas do mundo para migrantes em direção à América do Norte, de acordo com o relatório sobre movimentos migratórios regionais nas Américas, lançado na última sexta-feira, 26/11, pela Organização Internacional para as Migrações.

O relatório destaca que os movimentos oriundos da América do Sul de migrantes do Caribe, Ásia, África e das Américas vêm acontecendo há cerca de uma década, mas aumentaram drasticamente devido aos impactos socioeconômicos, políticos e sanitários da pandemia de COVID-19.

O número total de travessias irregulares pelo Darien – uma passagem traiçoeira na selva na fronteira da Colômbia com o Panamá, sem estradas e onde se encontram grupos armados, contrabandistas de migrantes e traficantes de pessoas - é mais alto neste ano do que para todo o período de 2010-2020 somado. Cerca de 25% dos que cruzam o Tampão são crianças, tendo 24 mil delas cinco anos de idade ou menos.

De acordo com o relatório, muitos dos migrantes vulneráveis em trânsito são haitianos, bem como nacionais de outros países do Caribe, Ásia, África e das Américas.


 

Rotas de migração de haitianos identificadas nas Américas na última década.

Na última década, um número crescente de nacionais dessas regiões vêm migrando para a América do Sul. De acordo com estimativas do Departamento das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais (UNDESA), o número de migrantes africanos na América do Sul aumentou de 22 mil em 2010 para 43 mil em 2020, ao passo que o número de migrantes do Caribe na região disparou exponencialmente de 79 mil em 2010 para 424 mil em 2020. A quantidade de migrantes da Ásia na região também aumentou de 208 mil em 2010 para 302 mil em 2020.

Sem a opção de usar rotas regulares de migração, muitos migrantes recorrem a contrabandistas, aumentando questões de vulnerabilidade e proteção, mostra o relatório.

Dentre esses fluxos estão migrantes que, nos últimos anos, se assentaram regularmente em países na América do Sul, principalmente no Brasil e no Chile.

O relatório enfatiza que alguns migrantes em movimento para a América do Norte do Caribe, África e Ásia tiveram filhos que são nacionais dos países da América do Sul, de modo que não são exclusivamente migrantes do Caribe e outras regiões.

Outros foram forçados a, ou decidiram, migrar para outros destinos no norte do continente devido à documentação inadequada e ao impacto da pandemia, incluindo um crescimento alarmante de xenofobia, o que limita o acesso a serviços básicos. Desastres e instabilidade política nos países de origem e de residência também foram impulsionadores.


Migrantes em trânsito em Colchane, Chile. Muitos migrantes vulneráveis são haitianos, bem como nacionais de outros países do Caribe, Ásia, África e das Américas, de acordo com o novo relatório da OIM. Foto: OIM Chile

A OIM pede por US$ 74,7 milhões para responder às necessidades humanitárias do crescente número de migrantes vulneráveis em movimento, bem como para os países de destino atuais a fim de mitigar os impactos negativos da crise e de outros fatores socioeconômicos que geralmente atingem os migrantes primeiro e com mais força. A assistência inclui alimentação, vestimenta, serviços de saúde e apoio psicossocial, abrigos seguros e proteção para vítimas e pessoas sob risco de violência de gênero e tráfico de pessoas.

A Plataforma da OIM de Resposta Global a Crises oferece um panorama dos planos da OIM e dos requisitos de financiamento para responder às necessidades e aspirações emergentes das pessoas impactadas ou sob risco de crise e deslocamento em 2021 e adiante. A Plataforma é atualizada regularmente a medida em que a crise avança e novas situações surjam.  

Faça o download do relatório aqui

OIM

www.miguelimigranteblogspot.com

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