quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Migrantes escolhidos pelo Papa em Chipre vão começar uma nova vida na Itália

 

Poucos dias antes do Natal, seis demandantes de asilo deixaram Chipre para começar uma nova vida na Itália, onde serão recebidos por uma comunidade católica, após a visita do papa Francisco à ilha no início de dezembro.

Uma fonte do Vaticano informou que um primeiro grupo de dez migrantes de Chipre chegará a Roma nesta quinta-feira (16). A recepção é administrada pela Comunidade Sant'Egidio, que já possui experiência em operações de corredores humanitários.

Na sexta-feira, eles serão recebidos durante uma audiência privada no Vaticano.

As autoridades cipriotas afirmaram, por sua vez, que "12 dos 50 demandantes de asilo escolhidos durante a visita do Papa Francisco partiram para serem recebidos no Vaticano".

O Vaticano e a Comunidade Sant'Egidio não responderam aos pedidos de informação da AFP.

Hinda Warsame, uma somali de 25 anos, estava pronta desde quarta-feira com as irmãs Naima e Fadoumo (22 e 19 anos, respectivamente), para a viagem.

As três irmãs cresceram na Arábia Saudita, mas foram deportadas para a Somália, um país com grande instabilidade política. Foi "um pesadelo", lembra Hinda.

Graças aos vistos de estudante, as três puderam fugir para a República Turca do Norte de Chipre (RTNC), entidade que apenas Ancara reconhece e que ocupa um terço do Chipre. A ilha está dividida desde 1974, após a invasão turca em reação a um golpe liderado pelo regime dos coronéis em Atenas.

As irmãs Warsame cruzaram ilegalmente a linha verde que divide a ilha para entrar na República de Chipre, um Estado membro da União Europeia que tem a maior taxa de requerentes de asilo por habitante, de acordo com estatísticas europeias.

Quando soube que havia sido escolhida para se estabelecer na Itália, Hinda não "dormiu por uma semana", contou. "Sou muçulmana, mas realmente admiro que o papa e a Igreja cristã tenham decidido nos ajudar".

- "Ser paciente" -

Grace Enjei, de 24 anos, e Daniel Ejube, de 21, estão entre os escolhidos. Os dois são de Camarões, uma nação envolvida em violentos combates intracomunitários.

"A situação lá era realmente terrível (...) não estávamos seguros", explica Ejube, que foi ameaçado por se recusar a ingressar nas milícias anglófonas.

Os dois camaroneses, de confissão cristã, estão muito felizes e "honrados" por terem sido escolhidos pelo Papa.

Grace espera retomar seus estudos na Itália. Daniel espera tornar-se jogador de futebol, embora "não entenda nada de futebol italiano", confessa.

Apesar dos perigos vividos, Grace Enjei não deixa de encorajar os migrantes a procurarem uma nova vida, na rota do exílio "basta ter calma e paciência", explica.

Estado de Minas

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