O acidente com um caminhão reboque na quinta-feira em Tuxtla
Gutiérrez, no México, deixou ao menos 55 migrantes mortos e 73 feridos, em uma
das maiores tragédias migratórias ao longo da rota da América Central para o
norte do continente americano. Segundo o diretor da Defesa Civil do Estado,
Luis Manuel García, ao menos 150 migrantes centro-americanos estavam escondidos
no interior do veículo quando o caminhão perdeu os freios em uma curva fechada
e bateu no trecho que leva a Chiapa de Corzo. O caminhão reboque tinha saído da
Guatemala nesta manhã e se dirigia a Veracruz para depois chegar a Puebla.
O acidente aconteceu por volta das 15h30 (18h30 em
Brasília), antes de chegar a um dos muitos postos de controle militar que
monitoram a passagem de migrantes centro-americanos nessa rota. Um funcionário
da Defesa Civil de Chiapas explicou que os migrantes que viajavam no caminhão
“vinham de diferentes países da América Central.” O caminhão circulava em
“excesso de velocidade”, o que fez com que o reboque do veículo se soltasse.
Depois do acidente, os mortos ficaram espalhados pelo asfalto. Três deles são
menores de idade.
O governador de Chiapas, Rutilio Escandón, lamentou a
tragédia e disse via Twitter que deu instruções para dar “pronta atenção e
assistência aos feridos”. E acrescentou: “A responsabilidade será determinada
de acordo com a lei”. Os moradores da região disseram à imprensa local que o
motorista do caminhão fugiu pelo rio Grijalva logo após o acidente.
Equipes da Cruz Vermelha, bombeiros e Defesa Civil foram
enviadas à região do acidente. Alejandro Martín, oficial do corpo de bombeiros,
confirmou a presença de vários menores no acidente e disse que todos os
migrantes foram encaminhados a hospitais da região.
A rota do caminhão que tombou é um dos corredores de
migrantes mais habituais para os que fogem da violência na América Central. O
trajeto —que passa pela capital do Estado, Tuxtla— geralmente continua em
direção a Veracruz e assim se aproxima da capital do país, que durante a crise
migratória deste ano se tornou um destino possível para milhares de migrantes.
Mais de 228.000 migrantes foram detidos desde o começo do
ano, de acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Migração, e quase
120.000 solicitaram asilo, números históricos que batem todos os recordes de
pessoas deslocadas. Para muitos, diante da titânica tarefa de chegar aos
Estados Unidos sem serem detidos e deportados, o pedido de asilo é a única
saída. Assim, o México tornou-se recentemente um país de destino e não apenas de
passagem, como era tradicionalmente. E esse novo contexto obriga a repensar a
estratégia migratória para dar uma resposta a milhares de pessoas que buscam um
futuro não tão ao norte.
El Pais
www.miguelimigrante.blogspot.com
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