quinta-feira, 26 de julho de 2018

Refugiados rohingya: educação, saúde e infraestrutura são chave para resposta sustentável

Enquanto a água caía no telhado da sala de aula, as crianças refugiadas cantavam uma música tradicional de Mianmar. Por um momento, suas vozes silenciaram a chuva.
A música é uma das atividades oferecidas no centro de aprendizado de apenas um cômodo no maior assentamento de refugiados do mundo.  Durante apenas duas horas por dia, crianças entre 6 e 9 anos aprendem os fundamentos da leitura, escrita e matemática em sua língua, e o inglês, antes de abrir espaço para as próximas turmas de 40 alunos cada.
Aulas lotadas, baixa carga horária, materiais limitados e até chuvas e lama são alguns dos obstáculos que as crianças têm que enfrentar para obter uma educação básica no campo de refugiados, dizem os professores.
“O maior desafio é que não temos um currículo fixo, nem de Mianmar nem de Bangladesh”, afirma Jaivul Hoque, gerente de projetos do centro. “É apenas o ensino primário, não há ensino secundário. ”
Dez meses se passaram desde o início do deslocamento dos quase um milhão de refugiados rohingya. Mais da metade são crianças. Atender às suas necessidades de longo prazo está se tornando um dos principais focos da nossa resposta humanitária.
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados Filippo Grandi viu em primeira mão as condições desafiadoras que as famílias enfrentam vivendo em casas frágeis agarradas a encostas íngremes, com drenos de bambu e tijolos cavados à mão, sem eletricidade e apenas com água bombeada a mão.
Passando por um caminho lamacento, esquivando-se das chuvas, ele também visitou um centro de saúde integrado que oferece cuidados primários, clínicas para mães e filhos, apoio nutricional e aconselhamento de saúde mental a refugiados que sofrem com o trauma da violência.
As condições atuais em Mianmar não permitem um retorno seguro e digno para os refugiados. Apoiar a educação das crianças rohingya permitiria que as atuais escolas, onde as crianças aprendem “um pouco disso e daquilo”, se tornem uma educação padronizada que continua nos níveis secundários.
Segundo o Alto Comissário, é preciso encontrar mais recursos para desenvolver educação, assistência médica e infraestrutura para construir uma vida mais sustentável para as pessoas:
“Se não estruturarmos isso adequadamente de uma maneira que seja padronizada e ofereça um currículo adequado para todas as crianças, educação primária e secundária, você corre o risco de perder muito tempo de uma geração inteira de crianças”.
Acnur
www.miguelimigrante.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário