Porto Alegre é a terceira cidade do Brasil que mais recebe imigrantes. São pessoas que, na maioria das vezes, vêm de muito longe em busca de uma vida melhor. Quando chegam ao novo país, o primeiro desafio é encontrar uma forma de se sustentar. Mas conseguir um trabalho é uma tarefa difícil para aqueles que possuem formação universitária.
Entre as centenas de candidatos em busca de uma vaga de emprego no Sine, em Porto Alegre, está a haitiana Jannette Dorélus, de 47 anos, que está no Brasil há três anos.
Ela era comerciante na terra natal, e logo que chegou a Porto Alegre trabalhou como cozinheira. Mas deixou o emprego no fim do ano passado.
Agora estou procurando outro serviço porque tenho que mandar dinheiro para pagar a universidade do meu filho mais novo”, diz Jannette, que conseguiu ser selecionada para uma vaga de auxiliar de serviços gerais.
3,7 mil imigrantes
A Prefeitura de Porto Alegre estima que cerca de 3,7 mil imigrantes vivem hoje na capital gaúcha. A maioria são haitianos, senegaleses e venezuelanos. Muitos são vistos trabalhando na informalidade pelas ruas.
De acordo com informações do Ministério do Trabalho, Porto Alegre tem se destacado entre as capitais que mais empregam estrangeiros. São 1.706 com trabalho formal, número que a deixa atrás apenas de São Paulo e Boa Vista, Roraima.
O movimento no último ano aumentou bastante. Hoje temos em torno de 50 a 70 pessoas por semana buscando uma vaga, uma colocação no mercado de trabalho. Esse é o movimento de busca. Em termos de empregabildade aqui no Sine, só tivemos registro de duas pessoas que tiveram concretizada essa posição”, afirma a secretária de Desenvolvimento Social e Esporte de Porto Alegre, Denise Russo.
Em meio à saudade de casa, aos poucos os imigrantes vão vencendo as dificuldades para vencer na vida. Um exemplo é Esteevy MC Fleury Joseph, que está há dois anos no Brasil e hoje é microempresário.
Professor de idiomas e com formação em letras, quando chegou a Porto Alegre precisou trabalhar como lavador de carros, mas conseguiu superar as adversidades e hoje faz planos para o futuro.
Tenho grandes planos. Eu quero anexos para MC Fleury [empresa dele], um aqui e também no Haiti. Eu tenho família, e tem muitos haitianos que estão sempre viajando”, diz.
O sonho de uma vida melhor é algo em comum entre os estrangeiros, sendo que muitos acabam vivendo juntos.
O jornalista Asnel Daniel também tem formação em hidráulica e elétrica, mas está desempregado atualmente. Ele divide um apartamento na Zona Norte de Porto Alegre com outras quatro pessoas que lutam para conseguir pagar o aluguel.
Não é difícil só para haitianos, para brasileiros também. Para todo mundo”, compara Daniel, relatando que se sente “triste”, uma vez que veio ao Brasil para conseguir trabalho e ajudar sua família. “Eu fico em casa sem trabalho e choro”, confessa.
Como ele, centenas de haitianos estão na mesma situação, mas não perdem a esperança, nem a disposição.
Estou precisando muito trabalhar. Só o marido trabalha, e o dinheiro está fraco, só o dinheiro dele para pagar luz, água, casa, comida, fralda”, lamenta a desempregada Nadia Djooleyica.
Muitos se queixam de preconceito, porque mesmo com formação universitária no Haiti, não conseguem empregos nas suas áreas.
Muitas vezes eu fui lá no Sine para encontrar emprego, e as pessoas dizem para nós que só tem limpeza. Nós temos educação. Eu, por exemplo, sou professor, mas eles não reconhecem o nível das pessoas no seu país de origem”, Presnor Joseph, que trabalha como porteiro.
Voluntários que fazem a diferença
Mas a chegada dos estrangeiros ao país também é marcada pelo apoio daqueles que dedicam seu tempo a ajudar quem precisa. “Eles sonham com um mundo melhor, porque no Haiti eles não têm esperança nenhuma”, salienta a voluntária do Grupo Família Imigrante Neusa Batezini Scherer.
Mais informações sobre como ajudar com a doação de alimentos, roupas, roupas de cama, móveis ou oportunidades de emprego podem ser obtidas por meio da página do grupo nas redes sociais.
(G1)
www.miguelimigrante.blogspot.com
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