A Declaração Universal dos Direitos
do Homem (DUDH), aprovada em 10.12.1948, pretende ser o ideal comum a atingir
por todos os povos. Os seus 30 artigos enumeram os direitos civis e políticos
básicos e os direitos económicos, sociais e culturais fundamentais de que os
seres humanos devem gozar em todas nações. A DUDH não tem a mesma força que os
tratados internacionais, pelos quais os Estados ficam obrigados a aderir a
normas internacionais, mas é geralmente considerada como tendo o peso do
direito consuetudinário internacional, por ser tão genericamente aceite e
utilizada como medida-padrão para avaliar o comportamento dos Estados.
É conhecida a mudança social,
cultural e religiosa que os imigrantes trouxeram à Europa, de tal modo que a
configuração do mapa religioso mudou nas últimas décadas, trazendo consigo um
pluralismo cultural, na vertente religiosa, linguística, nos usos e costumes.
Antes desta alteração, a divisão religiosa na Europa era entre católicos e
protestantes. Actualmente, a divisão terá de contar também com a cultura
muçulmana, em consequência da forte imigração e dos movimentos de refugiados,
provenientes de países dessa área cultural. Só na Alemanha existem 16 milhões
de imigrantes, dos quais cinco milhões são muçulmanos.
Assim, a Europa encontra-se sujeita a
duas ameaças terroristas de sinal contrário: o terrorismo fundamentalista
islâmico (jihadista) e o de extrema-direita anti-islâmico (antijihadista). É
importante que os Estados promovam uma luta sem tréguas, contra todos os que
possam pôr em causa a democracia e os valores do
multiculturalismo.
A União Europeia (UE) tem exigido dos
seus Estados-membros a alteração das suas leis, de modo a garantir a
transposição correcta das regras comunitárias, relativas à circulação de
cidadãos no território da UE. O ideal é que exista uma vivência harmoniosa,
lada a lado, com as pessoas oriundas de contextos culturais diferentes. Por
isso, os imigrantes devem fazer tudo ao seu alcance para conseguir a sua própria
integração, sem comprometerem, naturalmente, as suas próprias convicções, mas
respeitando também as convicções dos outros. A melhoria no que diz respeito à
tolerância religiosa em parte procede do contacto cultural resultante do
turismo. Infelizmente, os extremistas islâmicos vieram alterar,
substancialmente, a tolerância que existia relativamente às minorias cristãs,
por exemplo, no Iraque e na Síria.
Em 2014, as Nações Unidas colocaram
Portugal nos países da frente em termos de políticas de integração e inclusão
de imigrantes. Portugal é efectivamente considerado um país generoso nessa
matéria, aliado ao facto de ser também o 4.º país com mais emigrantes da União
Europeia. É certamente por isso que não existe em Portugal um discurso
anti-imigração, existindo mesmo uma base consensual, sobre a qual se têm
construído as políticas de inclusão e reinserção social. Se tivesse de traçar o
perfil de Portugal nesta matéria, diria que se trata de um país de consensos e
de abertura ao mundo, ao afirmar e promover os valores em que o povo português
acredita: respeito pela dignidade humana, liberdade e igualdade, democracia e
Estado de Direito, promoção da paz e do bem-estar dos povos.
Reconheço, no entanto, que os avanços
que se registaram nos últimos anos não são ainda suficientes para garantir, na
prática, uma situação de igualdade com as mesmas oportunidades, designadamente
no acesso ao sistema de educação, à habitação condigna, aos serviços públicos
de saúde e à participação cívica. Não restam dúvidas que estamos a entrar num
tempo em que as diferentes civilizações terão de aprender a viver lado a lado,
em reciprocidade pacífica, aprendendo umas com as outras, para melhor
compreensão mútua e uma sã convivência. Em conclusão: há que aproximar culturas
para construir a paz.
P2
NARCISO MACHADO
www.miguelimigrante.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário