Pela primeira vez na história, mais italianos do que estrangeiros buscaram os centros de atendimento da Caritas, entidade gerida pela Igreja Católica, no sul do país.
O dado apresentado pelo Relatório Anual divulgado nesta segunda-feira (17), que conta com as informações de 2015, mostrou que 66,6% dos atendimentos nas unidades localizadas no chamado "Mezzogiorno" foram com italianose não com imigrantes.
O número é muito alto considerando que essa é a primeira
região de chegada dos milhares de estrangeiros que atravessam o Mar Mediterrâneo para tentar uma nova vida na Europa. No entanto, em nível nacional, contabilizando as 1.649 unidades espalhadas por 173 dioceses, o número de imigrantes atendidos representa 57,2% do total.
A Itália é considerada pela União Europeia o país com maior número de pobres no bloco econômico. Conforme relatório da entidade divulgado em abril, 6,98 milhões de italianos vivem em condições com "graves privações materiais", o que representa 11,5% da população total do país.
Já os dados do Instituto Italiano de Estatísticas (Istat), divulgados em março deste ano, apontam que 4,102 milhões de pessoas vivem em condições de pobreza. O fenômeno é, de fato, mais forte na região sul, o "Mezzogiorno", onde 1,9 milhões de pessoas estão nessas condições.
- Perfil de quem solicita ajuda: Segundo as informações divulgadas nesta segunda, o "velho modelo" italiano de pobreza, que mostrava que os idosos eram mais pobres do que os jovens, mudou completamente. O relatório mostrou que a pobreza absoluta é inversamente proporcional à idade.
A idade média de quem busca ajuda na Caritas é de 44 anos, a maioria casados (47,8%) e com estudo até o ensino médio (41,4%). Os desempregados representam 60,8% do total.
Sobre as necessidades de quem busca auxílio, as ajudas ficam mais na questão material já que os solicitantes estão em pobreza econômica (76,9%) ou com problemas de emprego (57,2%) - no entanto, há diversos casos em que as pessoas têm mais de um dos problemas listados.
Outra mudança grande nos índices é o fato do número de homens e mulheres que buscam ajuda ter atingindo uma quase igualdade: eles representaram 49,9% das ajudas enquanto elas representaram 50,1%. Essa é a primeira vez que os dados ficam tão próximos já que, historicamente, as mulheres sempre lideraram com folga esse setor.
- Imigrantes: De acordo com os dados do relatório, foram 7.770 imigrantes - refugiados ou solicitantes de asilo - atendidos pelas unidades do Caritas em 2015. Destes, 92,4% são homens, com idades entre 18 e 34 anos (79,2%), vindos de países do norte da África e da Ásia centro-meridional.
Muitos são analfabetos (26%) ou com baixíssimo grau de estudo (16,5% com ensino apenas primário). A maioria deles vai aos centros de acolhimento para ter onde morar (61,2%), mas muitos ainda moram em condições precárias e vão às unidades do Caritas em busca de bens materiais (comida, roupas e produtos para higiene).
Agencia Ansa
www.miguelimigrante.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário