Questionada sobre o
fato de se ter registrado, este ano, um recorde de mortes no Mediterrâneo
(3.800), Marta Bronzin considerou que este número "demonstra que as causas
que empurram as pessoas para sair não mudaram", referindo-se aos
conflitos, como a guerra na Síria, mas também à pobreza extrema, que leva
milhares de pessoas da África subsaariana a procurar a Europa através da rota
central do Mediterrâneo.
A representante da
OIM defendeu a necessidade de um "trabalho em conjunto" para garantir
uma boa gestão das migrações e para que haja "benefícios para todos".
Em primeiro lugar,
Marta Bronzin apontou a necessidade de colocar no centro "a proteção e a
promoção dos direitos humanos fundamentais de todos, independentemente da
categoria a que estas pessoas pertencem, tenham ou não direito à proteção
internacional".
Outros pontos incluem
não responder apenas aos "problemas imediatos", mas ter uma
"visão mais ampla e de mais longo prazo" e que tenha em conta
"as necessidades e os direitos dos próprios migrantes e as necessidades e
vantagens dos países de origem, de trânsito e de destino", sustentou.
Sobre a resposta
europeia à crise dos refugiados, Marta Bronzin defendeu o reforço do plano de
recolocação, sem esquecer "a vulnerabilidade das pessoas e a perspectiva dos direitos humanos fundamentais".
Quanto à
disponibilidade de Portugal para acolher cerca de dez mil pessoas, o dobro da
quota atribuída, a chefe de missão da OIM considerou tratar-se de "um
compromisso político muito forte, muito positivo, que deveria ser exemplo para
outros países".
No mesmo sentido, o
alto-comissário para as Migrações, Pedro Calado, destacou que Portugal é um dos
quatro países europeus que mais pessoas têm recolocado, referindo, até ao final
deste ano, terá recebido mil refugiados.
Pedro Calado
salientou que, no ano passado, a Europa recebeu 1,3 milhões de pedidos de
asilo, o correspondente a 0,2% da população europeia.
"Se um
continente dos mais ricos do mundo não consegue garantir a redistribuição
equitativa destas pessoas, eu pergunto então que problema é que poderemos
resolver enquanto, sublinho, União Europeia?", criticou.
Também a presidente
do Conselho Português para os Refugiados, Teresa Tito de Morais, garantiu que o
número que chegará a Portugal é "perfeitamente assimilável" e não vai
"desestabilizar o tecido social", mas, pelo contrário, vai promover
"trocas culturais muito grandes e incentivar zonas do país que precisam de
ser desenvolvidas".
Teresa Tito de Morais
representou, nesta cerimônia, o secretário-geral eleito da ONU, António
Guterres, que recebeu o título de associado honorário da Associação Mutualista
dos Engenheiros, bem como a presidente da Federação Nacional Bancos Alimentares
contra a Fome, Isabel Jonet.
O Presidente da
República, Marcelo Rebelo de Sousa, que se encontra em visita de Estado a Cuba,
enviou uma mensagem destacando que a eleição do antigo primeiro-ministro
português para liderar a ONU "pode ser um motivo de esperança em termos
universais e é certamente um motivo de orgulho em termos nacionais".
Mundo ao Minuto
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