Acampados em centros de imigrantes, quartos deteriorados, hotéis
semiabandonados e chão de igrejas, milhares de haitianos desesperados para
entrar nos Estados Unidos estão num limbo e expostos ao crime em perigosas
regiões de fronteira do México.
As periferias difíceis de Tijuana e Mexicali abrigam atualmente,
acredita-se, cerca de 5.000 haitianos, com cerca de mais 300 chegando
diariamente, depois de uma dura viagem do Brasil, segundo dados oficiais
mexicanos.
Os haitianos ainda não estão tentando entrar ilegalmente pelo deserto
nos EUA. Em vez disso, a maioria deles vai pedir asilo para autoridades de
fronteira norte-americanas.
Contudo, as instalações para migrantes estão lotadas. Quase três vezes
mais haitianos chegam por dia do que o número deles que têm entrevistas
marcadas, diz o governo mexicano, criando um gargalo e aumentando rapidamente a
população de fronteira.
Milhares mais estão a caminho em direção ao norte num movimento de
pessoas que deve acentuar o acúmulo nas semanas finais da campanha presidencial
norte-americana, que tem como um dos principais focos a imigração e a fronteira
com o México.
Os abrigos criados pelo México são insuficientes para os números
crescentes. Cinco igrejas protestantes abriram as suas portas para os recém-chegados
nos últimos dias. Em Mexicali, uma casa de deportados e viciados em drogas foi
convertida por um ativista em alojamento sujo e barato para os haitianos. As
janelas não têm vidro.
Do lado de fora, pessoas da região usam drogas. Em Tijuana, pequenas cidades
de barracas com haitianos surgem em terrenos abandonados.
Três haitianos disseram à Reuters que foram roubados por criminosos
locais. Ativistas dizem que os recém-chegados são vulneráveis a extorsão e
sequestro por gangues que cobram milhares de dólares para levar pessoas para os
EUA. Há também o temor de que alguns dos recém-chegados comecem a praticar
crimes.
Depois de sobreviverem a um grande terremoto em 2010, dezenas de
milhares de haitianos buscaram refúgio no Brasil, na expectativa de um nova vida
na economia em crescimento.
No entanto, a pior recessão brasileira em décadas jogou muitos na
estrada de novo neste ano, e a política norte-americana de não deportá-los de
volta para o país devastado os levou para a fronteira entre os EUA e o México.
"Não queremos causar problemas no México. Queremos chegar aos EUA
para trabalhar e ajudar as nossas famílias”, disse Peterson Joseph, numa tenda
no sufocante corredor do El Migrante, um hotel de Mexicali, depois de ligar
para os seus parentes no Haiti, que foi atingido na semana passada por outro
desastre natural, o furacão Matthew.
Jornal Extra
www.miguelimigrante.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário