Por Ana Clara Godoi
Somente uma em cada três oportunidades de interiorização com vaga de emprego no Brasil é ocupada por mulheres. É o que revela uma pesquisa realizada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), ONU Mulheres e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), com apoio do governo de Luxemburgo.
Segundo a pesquisa Oportunidades e desafios à integração local e pessoas de origem venezuelana interiorizadas no Brasil durante a pandemia de Covid-19, as mulheres venezuelanas têm menos chances de conseguirem trabalho formal ao serem interiorizadas no país, embora tenham maior porcentagem de escolaridade.
A estratégia de interiorização permite que refugiados e migrantes que estão vivendo em Roraima, no norte do país, sejam realocados para outros estados e, assim, consigam ter acesso a direitos básicos, como saúde, educação e trabalho. No entanto, mais de 72% das pessoas interiorizadas com vaga de emprego sinalizada são homens.
O levantamento também aponta que as mulheres interiorizadas têm sofrido com a informalidade e baixo salário. Enquanto 29,4% dos homens trabalham informalmente, o índice de mulheres é de 37,3%. Quando conseguem um trabalho formal, o salário das mulheres é de R$ 1.177, menos do que o salário-mínimo atual. Os homens recebem R$ 1.612.
Atuação das organizações
Diante da desigualdade de oportunidades para ingresso no mercado de trabalho, as agências da ONU responsáveis pela pesquisa se uniram no programa Moverse para promover o aumento de vagas para mulheres migrantes no Brasil.
O principal objetivo do programa é apoiar empresas e incentivar a implementação de um plano de ação com foco em vagas para essa população, além da oferta de capacitação para o mercado de trabalho e apoio às famílias que tem crianças. A ideia é que as empresas assinem uma carta de compromisso e busquem realizar as metas incentivadas pelo programa.
O programa é uma junção de três organizações: o ACNUR, que atua em defesa dos direitos de refugiados, promovendo apoio para milhares de pessoas desde a Segunda Guerra Mundial; o UNFPA, que junto ao governo e a sociedade civil desenvolve e monitora programas sobre o desenvolvimento da população; e a ONU Mulheres, que desde 2010 promove e apoia esforços ao redor do mundo em prol dos direitos das mulheres.
observatorio3setor.org.br
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