Mesmo com a urgência e perigo da guerra, muitos refugiados
ficam receosos de utilizar serviços para saída da Ucrânia com medo do tráfico
de pessoas. É o que conta o enfermeiro sueco Johan Thyr ao enviado especial da
CNN Brasil, Mathias Brotero.
Johan presta trabalho voluntário na estação central da
cidade de Lviv. Sua atividade diária envolve a procura de pessoas que queiram
deixar o país na ambulância que opera.
A prioridade é para crianças doentes, levadas para abrigos
ou hospitais, dependendo de sua condição. Mas também transportam adultos, caso
haja espaço. Mesmo assim, o trabalho gratuito atraí desconfianças.
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Repórter da CNN mostra abrigo para refugiados em Lviv, na Ucrânia
Repórter da CNN na Ucrânia mostra catacumba de igreja que serve de abrigo antibomba
“Eles [temem] casos
de tráfico de pessoas, quando dizem a eles que são transportadores de
refugiados e os levam para bordéis e coisas do tipo do outro lado da fronteira
e na Alemanha”, explica Johan.
Lviv se tornou um dos principais lugares para partida de
pessoas da Ucrânia. O destino prioritário é a Polônia, que já recebeu quase
dois milhões de refugiados desde o início da guerra. De acordo com a
Organização das Nações Unidas (ONU), mais de três milhões já cruzaram a
fronteira com países vizinhos.
Diversas explosões foram registradas na Ucrânia após invasão
de tropas russas na madrugada de quinta-feira (24)
Há também outras alternativas para quem não consegue ou não
quer cruzar a fronteira. Um hospital foi montado no estacionamento de um
shopping da cidade para receber principalmente refugiados, deslocados e também
militares da linha de frente.
No local eles encontram um pronto-socorro, salas de
cirurgia, maternidade e também salas para descanso pelo tempo que for
necessário.
Segundo o médico norte-americano Chris Brandenburg, o
hospital foi construído, inicialmente, para receber combatentes que estão na
linha de frente. Mas até agora, a maioria dos pacientes são pessoas que, ao
tentarem fugir, interromperam tratamentos de doenças crônicas.
“Temos alguns exemplos, alguns casos tristes como pessoas
com câncer que seriam operadas, muitas pessoas que estão sem suas medicações.
Eles tinham consultas com seus médicos para pegar os remédios que esgotaram.
Seus quadros de diabetes estão fora de controle, pressão arterial fora de controle”,
explica Brandenburg.
Além de pessoas deslocadas, a unidade de saúde também recebe
moradores de Lviv que decidiram ficar na cidade. Entretanto, a sensação de que
os russos estão cada vez mais próximos, têm feito algumas pessoas mudarem de
ideia.
É o caso de Guita, natural de Moldova, mas que mora em Lviv
há 10 anos. Ela aceitou a oferta do Johan, mesmo sem saber onde irá ficar na
Polônia. As constantes sirenes a obrigaram a tomar a decisão de deixar o país
com os três filhos.
“Essa guerra é terrível. As crianças estão com muito medo. E
tudo por causa de uma pessoa que começou a guerra. Estamos todos sofrendo. Mas
felizmente temos ajuda”, desabafa.
CNNBRASIL
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