quarta-feira, 2 de março de 2022

Quase 2.500 migrantes tentam cruzar fronteira com Espanha

 

raMigrantes en Melilla (CEDIDA)

Quase 2.500 migrantes irregulares se aglomeraram na cerca alta que separa Marrocos e Espanha através do enclave espanhol de Melilla nesta quarta-feira (2), e 500 conseguiram atravessá-la - informou a delegação do governo (prefeitura) sobre a maior tentativa desse tipo dos últimos anos.

"Houve um salto em massa para a cerca fronteiriça de Melilla por parte de um grupo composto por cerca de 2.500 subsaarianos", informou a delegação em um comunicado, que estabeleceu em 491 os migrantes que conseguiram entrar nesta cidade que constitui, juntamente com Ceuta, a única fronteira terrestre entre a África e a União Europeia.

"Foi a maior tentativa de entrada já registrada", acrescentaram as autoridades.

A delegação do governo se referiu à "grande violência praticada pelos migrantes, que usaram ganchos, paus e parafusos nos sapatos e que se dedicaram a jogar pedras".

Dezesseis agentes e 20 migrantes ficaram levemente feridos.

A polícia espanhola "neutralizou, em grande parte, o grande grupo de pessoas que tentou acessar nossa cidade" pela área de Villa Pilar, disse a nota.

- Cerca tripla -

Imagens da emissora local Faro TV mostram centenas de migrantes em sua chegada. A maioria fazia gestos de felicidade - apesar das feridas ensanguentadas em alguns - por terem conseguido entrar na Europa.

A fronteira em Melilla consiste em uma cerca tripla de arame com vários metros de altura e em torno de 12 km de comprimento. Tal como a de Ceuta, está equipada com câmeras de vídeo e torres de vigilância.

Ambos os enclaves são alvo de inúmeras tentativas de entrada de migrantes clandestinos que tentam chegar à Europa, fugindo da guerra, ou da pobreza, depois de terem atravessado parte da África até o Marrocos.

A entrada desta quarta-feira foi, no entanto, a maior registrada nas cercas dos dois enclaves espanhóis desde julho de 2018, quando 600 migrantes conseguiram pular a de Ceuta.

Em 2021, 1.092 migrantes conseguiram entrar em Melilla, o que representa uma queda de 23% em relação a 2020, segundo dados do Ministério do Interior espanhol. O número de 2021 foi 23% menor que o do ano anterior.

Esta entrada massiva em Melilla ocorre menos de um ano após a de mais de 10.000 migrantes, a grande maioria deles do Marrocos, em maio de 2021, em Ceuta. Aproveitando-se da flexibilização dos controles fronteiriços do lado marroquino, a maioria entra por mar, ou através do dique que marca a fronteira.

Essa chegada excepcional ocorreu no contexto de uma grande crise diplomática entre Madri e Rabat, provocada pela recepção na Espanha do líder do movimento de independência saarauí da Frente Polisário, Brahim Ghali, inimigo jurado de Rabat.

Embora as tensões tenham diminuído desde então, a situação não voltou totalmente ao normal entre os dois países.

A Espanha exerce sua soberania sobre Ceuta desde 1580, e sobre Melilla, desde 1496. Marrocos considera ambas, porém, como parte integrante de seu território.

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