terça-feira, 22 de junho de 2021

Até quando?

 

Fotomontagem: Jornal da USP

 

Neste último fim de semana, o País conviveu com um número trágico: ultrapassou 500 mil mortos por conta da pandemia que nos assola desde o começo de 2020.

A dinâmica da propagação da doença já apontava para essa tragédia, intensa e cotidianamente reverberada pelos meios de comunicação para acentuar a sua gravidade, mas desdenhada pelo comando do País.

Até por isso, milhares de brasileiros foram às ruas, em todo o País, no último sábado, respeitando ao máximo as regras de distanciamento, para protestar contra o descalabro que levou a essa dramática situação.

Descalabro que tem nome e sobrenome, que não é apenas o de Jair Bolsonaro, o presidente da República, é o de toda a entourage que o cerca, de todos que apoiam sua pregação e de todos que nela acreditam, país afora.

A sociedade brasileira está diante do desafio de evitar que esse trágico número de 500 mil mortos continue crescendo sem controle.

A vacinação é a grande arma para contê-lo. Mas ela ocorre a uma velocidade muito menor do que a desejada, com erros de gerenciamento, gargalos de fornecimento e solapada por quem deveria ser o seu maior incentivador, o presidente da República.

As autoridades advertem que, por todo o País, a estrutura hospitalar e as equipes médicas estão saturadas e estressadas. E em nada ajuda o relaxamento com as medidas de distanciamento social, que tende a se alastrar com o decorrer do tempo.

Até quando?

As previsões dos cientistas e médicos, em permanente cruzada de análises, alertas e aconselhamentos nos meios de comunicação, são preocupantes. Depois de intensas campanhas de vacinação, os países desenvolvidos cuidadosamente liberam a livre circulação da população, afrouxam a obrigatoriedade de uso de máscaras e lentamente voltam à vida normal – mas se mantém alertas, pois o vírus tem o poder de se transmutar. Por aqui, não é possível prever quando quadro semelhante possa se desenhar.

Estamos entregues à responsabilidade individual de cada brasileiro, de governadores e prefeitos que mobilizam contra a pandemia em suas regiões, convivendo com pressões adversas, ao esforço da academia para descobrir caminhos para barrar a marcha do vírus. Falta, e tudo indica que nunca virá, a liderança da autoridade maior, de Brasília, que, ao contrário, trabalha, em palavras e ações, contra tudo o que combata a pandemia.

Todos devemos imensa solidariedade às famílias das vítimas e à legião de profissionais de saúde que se dedicam, País afora, a assistir os infectados pelo vírus, em seus lares, leitos hospitalares, UTIs, acompanhando-os e minorando seus sofrimentos, consolando entes queridos – e tentando, ao mesmo tempo, tocar suas vidas pessoais. A todos eles, nosso reconhecimento.

Até quando o Brasil vai viver assim?

Quantas vidas ainda serão sacrificadas?

Jornal Usp

www.miguelimigrante.blogspot.com

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