A Vice-Alta Comissária da ONU para Refugiados, Kelly T. Clements, concluiu no último sábado (15) uma missão estendida a Honduras, Guatemala e México, onde conheceu pessoas forçadas a deixar seus países, ouviu sobre os riscos que as famílias enfrentam em suas viagens para encontrar proteção e se informou como, uma vez em segurança, começam a reconstruir suas vidas.
Na América Central, ela visitou comunidades forçadas a viver sob a ameaça de gangues criminosas e conheceu famílias que deixaram suas casas devido à violência e perseguição, agravadas pela extrema pobreza, mudanças climáticas e pela pandemia da COVID-19. Durante a viagem, Clements também se reuniu com funcionários do governo, parceiros da sociedade civil e líderes empresariais, com os quais o ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, uniu forças para encontrar maneiras eficazes de ajudar as pessoas deslocadas de forma forçada.
“Tive a chance de conversar com pessoas que estavam literalmente fugindo para salvar suas vidas, escapando da violência, extorsão, recrutamento e estupro por gangues e outros grupos criminosos”, disse Clements. “A violência de gênero é particularmente grave na região, onde tantas mulheres e crianças estão sofrendo violências indescritíveis.”
Clements também conversou com organizações comunitárias que, junto ao ACNUR, ajudam a conter os efeitos da violência. “Fiquei muito impressionada com o trabalho que esses grupos realizam e com a paixão e o compromisso que demonstram para com suas comunidades”, disse ela.
Clements também pôde ver os esforços para prover proteção e soluções para as pessoas que cruzam as fronteiras internacionais e a rede de abrigos administrados pela sociedade civil que as acolhe. O México e, em menor escala, a Guatemala, abrigam um número crescente de solicitantes da condição de refugiado e pessoas refugiadas já reconhecidas. O ACNUR redobrou o apoio às autoridades que lidam com o tema em ambos os países. No México, que está a caminho de superar as 70 mil solicitações da condição de refugiado que recebeu em 2019, o ACNUR também expandiu seu programa de integração local de refugiados, que inclui realocação e encaminhamento profissional que beneficiou cerca de 10 mil pessoas desde 2016. A Guatemala, que viu um aumento de 88% nas solicitações da condição de refugiado, ampliou sua capacidade de recepção e processamento dos pedidos, com o apoio do ACNUR.
Mas é necessário mais apoio internacional, afirma Clements.
“Cerca de 1 milhão de pessoas na América Central foram deslocadas à força. É responsabilidade da comunidade mundial e de todos nós ajudar essas pessoas a reconstruir suas vidas”, disse. “O primeiro passo para todos os países é garantir o acesso ao status da condição de refugiado para as pessoas cujas vidas dependem disso.”
Clements também destacou a importância e a necessidade de maior apoio financeiro e técnico aos governos e organizações que trabalham juntos para fornecer ajuda humanitária e proteção às pessoas que se deslocam na América Central e no México. “Essa necessidade nunca foi tão urgente”, afirma.
Sete países de origem, trânsito e acolhida da região, dentre eles Belize, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, México e Panamá, estão trabalhando juntos para enfrentar esses desafios no âmbito da Estrutura Abrangente de Soluções e Proteção Regional, conhecida como MIRPS, uma iniciativa de solução-orientada liderada por entes federais. No próximo mês, a Espanha sediará um evento de solidariedade para angariar apoio internacional desses países e seus esforços.
Acnur
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