JULIEN DE ROSA/EPA
A denúncia é feita por agências de assistência humanitária numa
reportagem do jornal “The Guardian”. Responsáveis políticos locais pedem ao
Governo para acabar com situação “desumana”. A nova e controversa lei da
imigração do Presidente Emmanuel Macron criminaliza o cruzamento ilegal de
fronteiras e acelera a expulsão de migrantes que não podem pedir asilo
Mais de dois mil imigrantes e
refugiados dormem em Paris debaixo de pontes e em canais, em “condições
sanitárias catastróficas”. O alerta é feito por agências humanitárias numa
reportagem publicada esta quarta-feira no jornal inglês “The Guardian”. Vários
problemas de saúde, incluindo doenças respiratórias e de pele, são o resultado
das condições em que essas pessoas pernoitam, no chão e debaixo de chuva,
refere Louis Barda, coordenador na capital francesa do grupo de assistência
médica Médicos do Mundo.
Segundo o responsável, o acampamento do Canal Saint-Denis tornou-se “um
ponto de trânsito, onde algumas pessoas são despejadas pelos traficantes”.
“Pessoas chegam com as suas malas e vêm perguntar-nos em que país se
encontram”, acrescenta. Muitos destes migrantes fugiram da guerra e sofreram
experiências de tortura e violação. Além da assistência básica imediata,
necessitam de apoio psicológico mas também legal por causa da pressão sobre
assuntos administrativos.
A reportagem descreve um acampamento com centenas de tendas espremidas
debaixo de uma ponte viária, próximo de Porte de la Villette, onde cerca de
1600 pessoas dormem naquele que é um dos maiores campos improvisados de
migrantes em França. Escaparam da violência e de regimes opressivos de países
como o Sudão ou a Eritreia e estão agora amontoados num passeio sem saneamento
adequado. Centenas começaram a juntar-se durante o tempo frio no início do ano,
tendo a população do acampamento crescido nos meses recentes.
Citados pelo “Guardian”, vários responsáveis falaram sobre a situação
dos imigrantes e refugiados em Paris. O provedor dos direitos dos cidadãos
franceses, Jacques Toubon, denunciou as condições de vida nos acampamentos do
norte da cidade como uma negação inaceitável de direitos fundamentais. O
autarca socialista do 19.º distrito, François Dagnaud, alertou para o “desastre
humanitário”, enquanto a presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, exortou o
Governo a disponibilizar abrigo e a acabar com uma situação que considera
“desumana”.
De acordo com os grupos de assistência humanitária, os mais recentes
acampamentos fazem parte de um ciclo vicioso na capital francesa durante os
últimos três anos: campos de refugiados arrasados pela polícia antimotim para
mais tarde voltarem a aparecer. Desde 2015, foram registadas mais de 30
“limpezas” policiais deste tipo.
A nova e controversa
lei da imigração do Presidente Emmanuel Macron criminaliza o cruzamento ilegal
de fronteiras e acelera a expulsão de migrantes que não podem pedir asilo. Os
grupos humanitários argumentam que a legislação não define um sistema de longo
prazo para o acolhimento de imigrantes e refugiados.
www.miguelimigrante.blogspot.com
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