Os EUA
registraram um aumento de 50% do envio de remessas de dinheiro para a Nicarágua
em 2022, um reflexo da migração de milhares de nicaraguenses para o território
americano nos últimos dois anos. Depois que o governo de Daniel Ortega passou a
intensificar a repressão à oposição, em 2021, a inflação global afetou o poder
de compra das famílias e as oportunidades de emprego permanecem limitadas. Por
isso, muitos partem na esperança de uma vida economicamente melhor.
A onda de
nicaraguenses nos EUA explica em parte por que o governo de Joe Biden anunciou
em janeiro que começaria a barrá-los na fronteira se eles realizassem os
pedidos de asilo online. Desde então, o volume de migrantes começou a cair
bruscamente.
Mas os que
estavam nos EUA antes da nova política ajudam a manter a economia da Nicarágua
em funcionamento, com remessas familiares que somaram US$ 3,2 bilhões no ano
passado.
Para o
economista Enrique Sáenz, esse salto de remessas entre os dois países só pode
ser explicado pelo aumento de migrantes. "A EMIGRAÇÃOA imigração se tornou
a principal política macroeconômica (do presidente Daniel Ortega) e a principal
política social", disse Sainz.
O governo
cada vez mais autoritário de Ortega sofreu sanções dos EUA e da Europa. As
medidas foram direcionadas às pessoas próximas ao presidente e a membros do
governo, para evitar que as dificuldades econômicas do país sejam agravadas e
afetem ainda mais a vida dos nicaraguenses.
Recorde
Apesar disso,
o fluxo de pessoas do país para os EUA cresceu entre 2021 e 2022. Até setembro
do ano passado, as autoridades americanas registraram a entrada de mais de 163
mil nicaraguenses - três vezes mais que o total de 2021. O recorde ocorreu em
dezembro, com mais de 35 mil nicaraguenses chegando aos EUA - após a medida de
Biden, o fluxo caiu para 3,3 mil, em janeiro.
Os motivos da
migração vão desde a falta de oportunidades econômicas até a perseguição
política direta contra dissidentes. Ortega reprimiu violentamente os opositores
depois dos protestos de abril de 2018. A repressão aumentou em 2021, antes das
eleições presidenciais.
Segundo dados
do governo da Nicarágua divulgados no fim do ano, o país emitiu 20.192
passaportes entre 17 de setembro e 7 de outubro. Em Manágua, os moradores
acampam nas calçadas para obter uma ficha, distribuídas de forma limitada todos
os dias, para pedir o passaporte.
As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
www.miguelimigrante.blogspot.com
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