sexta-feira, 16 de julho de 2021

Quase 40% dos jovens em trânsito identificam a educação e a capacitação como as principais prioridades, segundo nova pesquisa do UNICEF

 

UNICEF/UNI372236/Canaj/Magnum Photos

Em 18 de setembro de 2020, Amir, 10 anos, está em um novo alojamento temporário na ilha grega de Lesbos. O maior sonho de Amir é ser médico, para viajar para países pobres e oferecer ajuda às pessoas que não têm acesso aos serviços de saúde.

Quase 40% dos jovens migrantes e deslocados identificaram a educação e a capacitação como suas principais prioridades, enquanto 30% nomearam as oportunidades de emprego, de acordo com uma nova pesquisa do UNICEF anunciada na véspera do Dia Mundial das Habilidades da Juventude.

Aproximadamente 70% dos entrevistados também disseram que recursos financeiros limitados os impedem de acessar oportunidades de aprendizagem, enquanto quase 40% relataram a falta de empregos disponíveis como sua maior barreira para ter uma renda.

Essas descobertas foram reveladas por meio de uma pesquisa do U-Report com mais de 26 mil pessoas, incluindo quase 9 mil jovens (de 14 a 24 anos), em 119 países. A pesquisa, realizada entre 6 de maio e 1 de junho de 2021, perguntou aos entrevistados sobre suas aspirações em relação a aprender e ter uma renda, e as barreiras únicas que enfrentam – como menina ou como refugiado, tentando acessar o mercado de trabalho com ou sem status legal. Os insights da pesquisa, juntamente com as histórias dos próprios jovens migrantes e deslocados, estão incluídos no relatório recém-lançado Talent on the Move (Talento em Trânsito – disponível somente em inglês) do UNICEF.

A pesquisa também descobriu que a maioria dos jovens em trânsito deseja aprender habilidades profissionais (por exemplo, direito, administração, negócios, educação), seguidas de idiomas e habilidades técnicas. Quase 90% relataram sentir que podem contribuir com suas opiniões, habilidades e talentos em sua comunidade.

“Crianças, adolescentes e jovens em trânsito estão dizendo ao mundo que têm grandes sonhos e aspirações para sua vida”, disse a diretora executiva do UNICEF, Henrietta Fore. “Mesmo assim, muitos são impedidos de garantir oportunidades de aprendizagem ou emprego devido ao seu status de migração ou à falta de recursos financeiros e sistemas de apoio. É hora de a comunidade internacional ajudá-los a alcançar seus sonhos e ambições e abrir novas oportunidades para que aprendam, tenham uma renda e prosperem”.

O relatório mostra como os jovens representam um conjunto único de talentos, ideias e empreendedorismo ainda não explorado. Apesar de seu potencial para ajudar a resolver alguns dos maiores desafios do mundo, jovens refugiados, migrantes e deslocados muitas vezes são deixados sem credenciais reconhecidas, redes sociais, mentores ou apoio de pares, enquanto estão em trânsito e se estabelecem em lugares desconhecidos.

Os estudos de caso apresentados no relatório demonstram claramente que, com o apoio certo para desenvolver suas habilidades e fazer a transição para um emprego lucrativo, milhões de jovens migrantes ou refugiados têm o potencial de ser grandes inovadores, criadores de empregos e pilares de famílias e comunidades em todo o mundo. Seus exemplos são uma chamada à ação para reconhecer seus talentos e potencial.

O relatório destaca a necessidade de investir e expandir soluções que forneçam aprendizagem portátil, flexível, personalizada, adaptável e inclusiva para ganhar dinheiro para os jovens enquanto eles estão em trânsito, bem como oportunidades significativas para os jovens criarem um impacto social positivo em suas comunidades , redes e residências. Sem compromisso, investimento e ação concretos, os Pactos Globais de Migração e Refugiados e a Agenda de Desenvolvimento Sustentável não conseguirão atingir seus objetivos para os jovens em trânsito.

Como parte do relatório, o UNICEF exorta governos e formuladores de políticas a que adotem recomendações específicas que incluam:

  1. Reconhecer os jovens em trânsito como ativos positivos e detentores de direitos.
  2. Construir sistemas de educação e trabalho mais relevantes, sustentáveis e eficazes para jovens em trânsito, que reconheçam seus direitos e sua atuação.
  3. Garantir que os sistemas educacionais respondam às mudanças nos mercados e na demanda de trabalho, proporcionando aos jovens em trânsito as habilidades essenciais para a empregabilidade, como habilidades interpessoais, pensamento crítico e adaptabilidade.
  4. Criar oportunidades de emprego e sustento online e offline e disponibilizá-las aos jovens em trânsito, ao mesmo tempo em que desenvolve suas habilidades para enfrentar os desafios do mercado local e lidar com a escassez de talentos.
  5. Envolver os jovens em trânsito em todos os níveis nos processos de tomada de decisão que afetarão sua vida.
  6. Fazer parceria com jovens em trânsito para construir um mundo melhor e mais resiliente para todas as gerações – e alavancar seus talentos para cocriar soluções.
  7. Investir na juventude em trânsito – em sua capacitação e participação.

Existem atualmente 281 milhões de migrantes internacionais. Um em cada cinco é jovem e 36 milhões são crianças. Em todo o mundo, mais de quatro de cada dez pessoas deslocadas à força têm menos de 18 anos, com 33 milhões de crianças vivendo em deslocamentos forçados dentro de seu próprio país ou no exterior. A cada dia de 2020, 26 mil crianças mais foram deslocadas somente por desastres induzidos pelo clima.


Unicef

www.miguelimigrante.blogspot.com

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