O diretor-geral da Organização Internacional das
Migrações (OIM), William Lacy Swing, considerou hoje que "a narrativa
pública" sobre as migrações "neste momento é tóxica" e salientou
que a entidade que dirige está a trabalhar para mudar essa realidade.
"A principal razão pela qual estou contente
com a escolha do tema de hoje é que vamos mudar a narrativa pública sobre
migrações - que neste momento é tóxica, é venenosa. Migração tornou-se uma
palavra feia", disse o norte-americano William Swing, no decorrer da
conferência de apresentação da Rede Parlamentar sobre Políticas da Diáspora,
hoje no parlamento português.
Para o antigo embaixador dos EUA na África do Sul,
é necessário que a comunidade internacional "comece a fazer uma leitura
mais precisa da Migração".
"Esta leitura mais precisa é: as migrações
sempre foram, historicamente, um fator positivo. Se todos os atuais migrantes
de Nova Iorque decidissem sair amanhã e formar a sua própria cidade, seria a
terceira maior dos Estados Unidos. Isso mostra que estão a fazer as suas
contribuições", exemplificou o responsável.
A OIM, disse William Swing, está "a trabalhar
para mudar essa narrativa, para proteger os migrantes e permitir-lhes fazer as
contribuições que eles querem fazer".
"Estamos a trabalhar com os governos em várias
formas de reduzir o custo social e financeiro das migrações", revelou o
diretor-geral da OIM, referindo-se, especificamente, à redução dos custos das
transferências de remessas para o país de origem.
"Temos de reduzir o custo das transferências
de remessas para o país de origem. Em África este custo pode chegar a custar
15% do dinheiro arduamente ganho pelos migrantes. E só para o fazer chegar a
casa", disse.
Estas remessas dos migrantes, disse o antigo
embaixador, "ascendem a 600 mil milhões de dólares".
"Isto é o dobro de toda a ajuda internacional
e quase tanto como todo o investimento direto estrangeiro", explicou
William Swing, acrescentando que se trata de um recurso que os governos não
estão a capitalizar.
"Eu diria que a diáspora é o mais
negligenciado aspeto das políticas de imigração dos vários Governos",
sintetizou.
Por outro lado, defendeu a integração dos migrantes
"através de políticas" especialmente dedicadas à questão.
"Está muito claro que vamos falhar se nos
países de destino não tivermos políticas de integração especialmente dedicadas
à migração, para garantir uma rápida adaptação ao contexto e à nova área, à
economia", disse o responsável da OIM.
Um falhanço nesta área, recordou, tem consequências
para a segurança das sociedades.
"A maioria dos ataques terroristas recentes
[nas sociedades ocidentais] - Paris, Nice, Bruxelas, Orlando (Florida) - são um
produto local, são o resultado de uma integração falhada. Por isso temos de
acordar e perceber que se marginalizarmos as pessoas elas não só não vão
contribuir como podem virar-se para fazer coisas que nos são
prejudiciais", alertou.
DN
www.miguelimigrante.blogspot.com
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