O número de pedidos de refúgio de venezuelanos no Brasil mais que quadruplicou nos últimos dois anos. De acordo com dados do Ministério da Justiça, em 2015, foram 829 pedidos e, este ano, até o mês de maio, foram registradas 3.971 solicitações.
Ela conta que gosta muito da vida que leva aqui, mas se preocupa com sua família e quer enviar dinheiro para ajudá-los. “Eu não teria essa qualidade de vida na Venezuela. Eu acredito que é muito difícil sair deste governo, a situação só piora cada dia. Ajudo a minha família como posso, mas eu gostaria de fazer mais, porque não é todo mês que consigo enviar algum dinheiro”, diz.A publicitária Gabriela Reina, 27, veio de Caracas para o Brasil em setembro do ano passado, para fugir da grave crise humanitária na Venezuela, com a ajuda de amigos que moram no Espírito Santo. Ela chegou de ônibus até Boa Vista, em Roraima, e de lá, pegou um voo até Vitória. “Quando cheguei, eu pedi refúgio, recebi um protocolo provisório válido por um ano. Mas depois solicitei visto provisório e recebi, com validade de dois anos”, conta.
O refúgio é uma proteção legal que o Brasil oferece a cidadãos que estejam sofrendo perseguição em seu país por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social, opiniões políticas, ou que estejam sujeitos a graves violações de direitos humanos, como tem acontecido com os cidadãos venezuelanos.
O advogado, que atuou como juiz temporário na Venezuela, José Cornielles,37, conta que veio para Vitória em fevereiro deste ano por conta de uma bolsa de estudos para cursar mestrado na Ufes. Ele diz que se sente aliviado por sair de lá antes que a situação se agravasse ainda mais. “No caso do eventual refúgio pela crise, eu acho que iríamos para Usa, España, Italia, Colombia ou Argentina, por causa do idioma e da família/amigos que temos lá. Mas acontece que desde que chegamos aqui, a crise tornou-se aguda, e hoje me sinto sortudo por ter vindo para O Brasil”, afirma.
Sua esposa, Ysabel Cristina Colmenárez de Cornielles, 31, estudava arquitetura antes de vir para o Brasil, mesmo assim, largou tudo para acompanhar o marido. “Aqui, eu só não trabalho enquanto durmo. Trabalho de 08h às 20h. Mas estou bem, porque pelo menos já estou mandando dinheiro para meus familiares. Eu preciso, mas eles precisam mais”, ela conta.
Ysabel também manifesta preocupação com o futuro do país e de seus familiares que ficaram em Barquisimeto, sua cidade natal. “Eu não posso esquecer. Nunca poderei ser feliz plenamente. Lá, tudo fica pior cada dia. Eu já não consigo entender os preços das coisas por causa da inflação, e só tem seis meses que estou aqui no Brasil. Meu pai fala pra mim que a gente fez a melhor coisa deixando tudo, porque já não se é possível se manter lá”, explica.
Ela ainda faz uma comparação da atual crise política e econômica que o Brasil passa, e diz que entende a crise aqui como algo muito ruim, mas lamenta que na Venezuela, tudo que o Brasil enfrenta já tenha atingido seu nível extremo. “Pra mim quando falam de corrupção, economia ruim e insegurança, chega a ser uma piada, porque lamentavelmente, eu vi de perto os piores efeitos que isso pode causar”, afirma.
Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Federal no ES, foram recebidas duas solicitações de refúgio de venezuelanos no ano de 2016 e cinco no ano de 2017. A nota informa também que há determinação legal para que o estrangeiro mantenha seu endereço atualizado nos bancos de dados da Polícia Federal. No entanto, não há registro de que os venezuelanos estejam agrupados em locais ou áreas específicas do Estado.
ESHOJE
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