Depois de envolver mais de 200 jogadores refugiados nas disputas eliminatórias no último fim de semana, o estádio do Pacaembu, em São Paulo, será palco da grande final entre Nigéria e Marrocos, duas equipes invictas do maior evento esportivo para refugiados no Brasil. O evento é apoiado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
As duas seleções chegaram ao topo da competição após uma exaustiva disputa que envolveu 16 times. Em jogos eliminatórios e disputas acirradas, algumas favoritas, como Camarões e Mali, foram eliminadas e abriram espaço para a final inédita, a ser disputada às 15h de domingo (24).
De um lado, a experiência. Do outro, a superação. O que aproxima os jogadores refugiados de Nigéria e Marrocos em São Paulo é a vontade de se sagrar campeões da Copa dos Refugiados, o maior evento esportivo voltado às pessoas em situação de refúgio do país.
A competição deste ano, em sua quarta edição, teve o maior número de jogadores inscritos e terá uma final inédita: a estreante seleção do Marrocos enfrentará a Nigéria, vencedora da primeira edição da Copa dos Refugiados (2014).
As duas seleções chegaram ao topo da competição após uma exaustiva disputa que envolveu 16 times. Em jogos eliminatórios e disputas acirradas, algumas favoritas, como Camarões e Mali, foram eliminadas e abriram espaço para a final inédita, a ser disputada no estádio do Pacaembu, em São Paulo, às 15h de domingo (24).
“É como um sonho a ser realizado representar nosso país em um grande estádio, para o público de torcedores brasileiros. Espero que (os torcedores) possam torcer por nós. Jogamos com o coração e, se vencermos, dedicaremos o título a nosso país e aos brasileiros”, disse Hassan Eusen, jogador do Marrocos que está no Brasil há cinco anos e trabalha no comércio da Rua 25 de março, centro de São Paulo.
“Nosso time se conheceu lá mesmo, fazendo comércio na Rua 25 de Março. Estamos sempre juntos, e como todos gostamos de futebol, formamos um time e começamos a treinar. Recentemente, passamos a nos reunir toda terça-feira para jogar, e agora vamos com tudo para essa final”.
Hassan diz ter uma ótima vida em São Paulo, principalmente por estar empregado. Quando questionado sobre o que é mais difícil no Brasil, não tem dúvidas: “a saudade que sinto da minha família”. Sobre a maior dificuldade para chegar à final, garante que o sol foi o pior adversário.
Enquanto a final certamente será disputada com muita garra e dedicação dentro de campo, a partida pelo terceiro lugar já foi realizada entre as equipes de Togo e Guiné Bissau. A vencedora deste duelo, Guiné Bissau, contava com um goleiro brasileiro, Ronaldo Pereira, de 37 anos.
“Eu encontrei a rapaziada da Guiné Bissau jogando bola com meu filho e fui convidado a disputar esse campeonato, passando a representar as cores verde e amarelo do outro lado do oceano. É uma iniciativa muito gratificante poder jogar com eles e conhecer mais sobre a realidade de cada um, ajudando no que for preciso”, disse o goleiro da equipe que se sagrou terceira colocada da competição após vencer o Togo pelo placar de um a zero.
Além de alguns poucos jogadores brasileiros, as seleções que fazem parte da Copa dos Refugiados têm como representantes de seus times mulheres brasileiras, que organizam todas as questões logísticas e também contribuem para o processo de integração e trocas culturais.
A Copa dos Refugiados é uma competição que envolve pessoas em situação de refúgio e migrantes residentes na cidade de São Paulo, assim como brasileiros, com o intuito de as integrar e promover trocas culturais, criando uma rede de apoio. Há quatro anos, a Copa é realizada pela “África do Coração”, uma organização composta por refugiados de 20 diferentes nacionalidades e que desenvolve projetos em prol dos refugiados no país.
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) apoia a Copa desde seu início, e neste ano trouxe a iniciativa privada para a promover e gerar mais visibilidade sobre o tema. Neste sentido, a multinacional Sodexo aderiu à proposta como fornecedora dos kits de alimentação para os jogadores e a empresa Netshoes propiciou o uniforme personalizados aos jogadores, além de mochilas e uma premiação aos vencedores da Copa.
O evento contou ainda com o apoio das Secretarias Municipais de Esportes e Lazer, dos Direitos Humanos e das Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, da Caritas Arquidiocesana de São Paulo, do SESC e da Cruz Vermelha.
Onu
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