Durante a reunião, a gravidade de relatos de trabalho análogo à escravidão e a importância do fortalecimento do apoio a refugiadas e migrantes venezuelanas no Brasil foram destaques
Representantes da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) visitaram o escritório da ONU Mulheres em Brasília (DF), na tarde da última quarta-feira (8). A reunião teve como objetivo discutir as prioridades para a colaboração entre as organizações em 2023.
Há anos, a Fenatrad compartilha com ONU Mulheres informações e dados sobre as múltiplas formas de discriminação e desigualdades interseccionais enfrentadas pelas trabalhadoras domésticas. Os dados são utilizados para advocacy conjunto voltado para proteção dos direitos humanos, empoderamento econômico e reconhecimento do trabalho de cuidado nas políticas e legislação do Brasil.
Luiza Batista, coordenadora geral da Fenatrad, enfatizou que, apesar dos direitos trabalhistas das domésticas terem avançado nos últimos anos, ainda estão muito longe do ideal. “Recebemos inúmeros relatos de trabalho análogo à escravidão, onde são tirados dessas mulheres todos os direitos trabalhistas e, muitas vezes, os direitos humanos.”
Essa temática foi tema da campanha #TrabalhoEscravoDomesticoNuncaMais, implementada em 2021 e 2022, e é exemplo da cooperação entre a Fenatrad e a ONU Mulheres. Também em 2022, a Fenatrad fez parte da delegação da ONU Mulheres Brasil para a XV Conferência Regional da Mulher, em Buenos Aires. A conferência, que teve como tema “A sociedade do cuidado: horizonte para uma recuperação sustentável com igualdade de gênero”, intensificou os diálogos na região acerca do trabalho de cuidado na América Latina, onde o trabalho doméstico possui um papel central.
A representante da ONU Mulheres no Brasil, Anastasia Divinskaya, ressaltou que muitas mulheres refugiadas e migrantes venezuelanas no Brasil estão atuando como trabalhadoras domésticas e estão em situação de vulnerabilidade. “É preciso fortalecer o apoio a essas mulheres, principalmente em Roraima, estado onde muitas se encontram hoje. Muitas delas não sabem dos direitos que têm no país e ficam ainda mais vulneráveis”.
O empoderamento e a capacitação das mulheres refugiadas e migrantes venezuelanas, apoiando-as na organização em torno do trabalho doméstico no Brasil, é outra área da colaboração entre as instituições.
Luiza também enfatizou que, para a Fenatrad, é de extrema importância o apoio da ONU Mulheres. “Para nós, trabalhadoras domésticas, essa parceria em vários projetos anteriores e nos que estão por vir impulsionam a nossa luta, principalmente nesse momento do país.”
Na ocasião, a comissão da Fenatrad entregou a pauta, construída no grupo de transição de Desigualdade, Gênero e Mulheres, do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além de Luiza Batista, fizeram parte da comissão Creuza Oliveira, presidente de honra da Fenatrad; Chirlene Brito, secretária de Formação Sindical; Cleide Pinto, coordenadora de Atas; Francisco Xavier, coordenador de Finanças; e as diretoras Ana Maria Correia e Milca Martins.
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