Uma pesquisa com milhares de lares de três países da América Central revela que um aumento de mais de 500%, em apenas dois anos, na porcentagem de pessoas que consideram a possibilidade de deixar seu país para viver em outro.
A análise de várias agências internacionais incluindo o Programa Mundial de Alimentos, PMA, e a Organização dos Estados Americanos, OEA, sugere que a migração é motivada por várias causas incluindo insegurança alimentar, pobreza, violência e crise climática.
Alto preço
Nos últimos cinco anos, pelo menos 378 mil pessoas, anualmente, migraram da América Central para os Estados Unidos. A maioria é de três países: El Salvador, Guatemala e Honduras.
O relatório que é assinado ainda pelo Instituto de Política Migratória e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID, revela que um alto preço é pago em custos humanos e econômicos com viagens regulares e irregulares. Um total de US$ 2,2 bilhões.
Os dados indicam que apesar de 43% pensarem em migrar, apenas 3% fizeram planos concretos. Muitos citam os altos custos associados com a mudança como impedimentos assim como a separação das famílias.
A maioria dos migrantes ou 55% contaram ter pagado a um contrabandista uma média de US$ 7,5 mil por pessoa. Por canais legais, este custo seria de US$ 4,5 mil.
Covid-19
E 89% dos entrevistados contaram que os Estados Unidos eram seu destino final.
A pesquisa associa a ligação entre insegurança alimentar e migração da América Central. Pessoas nessa condição têm três vezes mais chance de fazer planos para deixar o país de origem.
Com a Covid-19, aumentaram os casos de fome e insegurança alimentar porque muitas famílias não tinham dinheiro para comprar comida.
Em outubro de 2021, o PMA estimava que o número de centro-americanos nessa situação havia crescido 300% para 6,4 milhões em El Salvador, Guatemala e Honduras.
Um outro motivo para que os centro-americanos deixem suas casas para viver fora é a violência e a insegurança além de choques climáticos, secas, tempestades tropicais etc.
No ano passado, dois furacões criaram uma deterioração das condições de vida na região.
Visto
A expansão de programas de proteção social que ajudam a aliviar a pobreza e a erradicar a fome é um fator chave para conter a migração. Com projetos de transferência de dinheiro, ações de merenda escolar e apoio a produtores e agricultores locais, muitos governos podem socorrer famílias de baixa renda.
O relatório também recomenda investimentos e iniciativas de desenvolvimento econômico sob medida para as pessoas mais carentes, para que elas não tenham que deixar seu país em busca de oportunidades.
Uma das iniciativas prevê a criação de plantações mais resistentes às mudanças climáticas e treinamentos para jovens e mulheres das áreas rurais e urbanas.
Para passar da migração irregular para a regular, o documento recomenda que os Estados Unidos e os países de destino na região aumentem as vias legais para os centro-americanos, por exemplo com mais tempo no visto temporário.
Onunews
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