segunda-feira, 3 de junho de 2019

Imigração e preconceito em literatura intensa e original

Baal, editada pela Record, é uma história familiar, escrita pela escritora e psicanalista Betty Milan, autora do best-seller Paris não acaba nunca, livro de crônicas – publicado inclusive na China – e dos romances, A Mãe Eterna e O Papagaio e o Doutor, cujos direitos já foram comprados para o cinema.
O narrador do novo livro é Omar, originário do Oriente Médio. Após largar do seu país para fugir da guerra ele enfrenta, na América, o drama do preconceito e as dificuldades da mascatagem. Depois, contrariando todas as estatísticas, enriquece e constrói para a sua filha única, Aixa, um palácio, Baal, que é “uma joia do Oriente no Ocidente”.
Após a sua morte, o mundo familiar começa a ruir, assim como o palácio que, além de ter sido a casa da família, acolheu muitos imigrantes e estava destinado a ser um memorial da imigração.
Pervertidos pelo dinheiro e com medo do empobrecimento, os netos resolvem demolir Baal para vender só o terreno e fazer o mais rentável dos negócios. Tiram a mãe, Aixa, já idosa do lugar onde ela sempre morou e a transferem com a fiel servidora e o cachorro para um cubículo.
Indignado, Omar rememora a sua vida e, ao fazer isso, descobre que, por ter sido omisso, também foi responsável pelo drama da família. O protagonista não contou sua verdadeira história e não transmitiu o que sabia. Além disso, não formou Aixa para ser a sua sucessora pelo fato dela ser mulher.
Trata-se de uma obra sobre o sofrimento, a luta e o trabalho dos imigrantes. Sobre o preconceito em relação às raízes. Sobre a falta de gratidão dos descendentes. Baalmostra a importância da rememoração e dá a entender que a memória é a condição da paz.
O homem imigra desde sempre. Mas a história subjetiva da imigração é pouco conhecida e é por ela que Betty Milan se debruça, daí a originalidade desta nova obra.
Sobre a autora: Betty Milan é paulista. Autora de romances, ensaios, crônicas e peças de teatro. Além de publicadas no Brasil, suas obras também circulam com selos de França, Espanha, Portugal, Argentina e China. Colaborou nos principais jornais brasileiros e foi colunista da Folha de S. Paulo e da Veja. Trabalhou para o Parlamento Internacional dos Escritores, sediado em Estrasburgo, na França. Em 1998 e 2015 foi convidada de honra do Salão do Livro em Paris. Em 2014, representou a literatura brasileira contemporânea na Feira Internacional do Livro de Miami (EUA). Em 2018 foi convidada por universidades americanas para falar sobre a diáspora, tema sobre o qual ela se debruçou na sua obra literária. Antes de se tornar escritora, formou-se em Medicina pela Universidade de São Paulo e especializou-se em Psicanálise na França com Jacques Lacan.
Sopa Cultural
www.miguelimigrante.blogspot.com

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