terça-feira, 25 de junho de 2019

Drama de pequenos imigrantes inspira o novo livro de Valeria Luiselli

divulgação
Ao lado do homem, sua mulher nos últimos quatro anos – a primeira narradora dessa história. No banco de trás, o filho dele, de 10 anos, e a filha dela, de 5. No porta-malas, sete caixas de arquivo: quatro do pai, já cheias; uma da mãe, com alguns materiais para a pesquisa que fará no caminho sobre os menores que tentam atravessar a fronteira do México para os Estados Unidos e desaparecem; e outra para cada criança, que ao longo da viagem decidirão como usá-las. No ar, o silêncio que cresce entre o casal, as histórias que os pais contam sobre apaches e crianças imigrantes, além do som dos meninos brincando.
Esse é, basicamente, o enredo de Arquivo das crianças perdidas, romance de Valeria Luiselli recém-lançado no Brasil. O livro tem sido visto como uma obra sobre imigração, mas, embora esse seja um assunto importante na ficção, e tema caro para a autora que nasceu no México, cresceu pelo mundo (o pai é diplomata) e vive em Nova York, Arquivo das crianças perdidas é uma história sensível e comovente sobre família, vínculo e cumplicidade, sobre estar junto e sozinho ao mesmo tempo, sobre querer estar só e sobre encontrar sentidono outro. E é, além de tudo, sobre encontrar a forma exata de contar uma história e registrá-la.

Valeria Luiselli, de 35 anos, tem pensado muito na narrativa como uma troca intergeracional de diferentes versões do mundo. “Queria escrever um romance tentando pensar como a próxima geração vai começar a articular esse tempo político muito difícil em que estamos entrando. E como ela, em oposição às gerações mais antigas, pode dar novos elementos às histórias para a geração seguinte e como essa geração vai recombinar e devolver essa história ao mundo”, diz.

O livro é aberto pela voz da mãe, mulher às voltas com dúvidas e dores. Uma das passagens mais delicadas, que demonstra essa preocupação da autora com a transmissão de uma história, é quando ela e o menino (ninguém tem nome) testemunham a partida do pequeno avião cheio de crianças capturadas na fronteira e seu desaparecimento no céu. O que ela faz é se certificar de que o menino saiba que não estava sozinho naquele momento desolador.
Uai.com
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