sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Amnistia classifica de "cruéis e ilegais" medidas de Marrocos sobre imigrantes


A Amnistia Internacional (AI) classificou hoje como "cruéis e ilegais" as medidas das autoridades marroquinas sobre os imigrantes clandestinos no norte do país e as suas transferências massivas para o sul.

"Esta grande repressão contra os imigrantes e refugiados (...) representa um retrocesso preocupante para um Governo que em 2013 introduziu uma nova política de asilo e migração para que o país cumpra os padrões internacionais", declarou Heba Morayet, diretora regional da AI para o Médio Oriente e Norte de África.

Desde finais de julho, os efetivos marroquinos da Guarda Real e as forças auxiliares levaram a cabo operações nos bairros onde vivem os imigrantes e refugiados.
As campanhas policiais centraram-se nas cidades do norte, em Tanger, Tetuão e Nador, próximas das costas espanholas e nas cidades autónomas de Ceuta e Melilla.

Nestas transferências massivas, os imigrantes são transportados em autocarros do norte de Marrocos até zonas remotas no sul do país, em Errachidia, Tiznit, Benguerir, Beni Melal ou Marraquexe.

"As autoridades marroquinas devem pôr fim imediato a estes raides discriminatórios e respeitar o compromisso que assumiram nos últimos cinco anos de respeitar os direitos dos migrantes", insistiu Morayet.

A AI denunciou que a 31 de agosto os serviços de segurança marroquinos arrastaram "de forma arbitrária" cerca de 150 imigrantes subsaarianos que iam iniciar um protesto frente ao Consulado de Espanha em Tânger e lamentou que a polícia marroquina não tenha consultado a documentação destas pessoas e que as tenha levado à esquadra, onde as detiveram durante horas "antes de as obrigar a subir para os autocarros, com as mãos algemadas".

O ministro porta-voz do Governo, Mustafa Jalfi, disse hoje que os transportes abrangeram entre 1.500 a 1.800 pessoas em Tanger e sublinhou que estas operações "decorrem sob garantias legais" e têm como objetivo afastar os imigrantes das redes de tráfico de pessoas concentradas no norte do país.

Por outro lado, a AI denunciou a expulsão, a 23 de agosto, de 160 imigrantes subsaarianos pelas autoridades espanholas para Marrocos.

A expulsão ocorreu um dia depois de estes emigrantes tentarem entrar na cidade de Ceuta.


 RTP

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