A Amnistia Internacional (AI) classificou hoje como
"cruéis e ilegais" as medidas das autoridades marroquinas sobre os
imigrantes clandestinos no norte do país e as suas transferências massivas para
o sul.
"Esta grande repressão contra os imigrantes e
refugiados (...) representa um retrocesso preocupante para um Governo que em
2013 introduziu uma nova política de asilo e migração para que o país cumpra os
padrões internacionais", declarou Heba Morayet, diretora regional da AI
para o Médio Oriente e Norte de África.
Desde finais de julho, os efetivos marroquinos da Guarda
Real e as forças auxiliares levaram a cabo operações nos bairros onde vivem os
imigrantes e refugiados.
As campanhas policiais centraram-se nas cidades do norte,
em Tanger, Tetuão e Nador, próximas das costas espanholas e nas cidades
autónomas de Ceuta e Melilla.
Nestas transferências massivas, os imigrantes são
transportados em autocarros do norte de Marrocos até zonas remotas no sul do
país, em Errachidia, Tiznit, Benguerir, Beni Melal ou Marraquexe.
"As autoridades marroquinas devem pôr fim imediato a
estes raides discriminatórios e respeitar o compromisso que assumiram nos
últimos cinco anos de respeitar os direitos dos migrantes", insistiu Morayet.
A AI denunciou que a 31 de agosto os serviços de
segurança marroquinos arrastaram "de forma arbitrária" cerca de 150
imigrantes subsaarianos que iam iniciar um protesto frente ao Consulado de
Espanha em Tânger e lamentou que a polícia marroquina não tenha consultado a
documentação destas pessoas e que as tenha levado à esquadra, onde as detiveram
durante horas "antes de as obrigar a subir para os autocarros, com as mãos
algemadas".
O ministro porta-voz do Governo, Mustafa Jalfi, disse
hoje que os transportes abrangeram entre 1.500 a 1.800 pessoas em Tanger e
sublinhou que estas operações "decorrem sob garantias legais" e têm
como objetivo afastar os imigrantes das redes de tráfico de pessoas concentradas
no norte do país.
Por outro lado, a AI denunciou a expulsão, a 23 de
agosto, de 160 imigrantes subsaarianos pelas autoridades espanholas para
Marrocos.
A expulsão ocorreu um dia depois de estes emigrantes
tentarem entrar na cidade de Ceuta.
RTP
www.miguelimigrante.blogspot.com
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